Museu fechado em Ribeirão Preto expõe problema com bens culturais
POR MARCELO TOLEDO, DE RIBEIRÃO PRETO
Com o fechamento do Museu Histórico de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), no início de março, a cidade conta agora com três bens culturais em situação precária. Um deles é o Museu Café, símbolo da riqueza do município nos séculos 19 e 20.
O problema no Museu Histórico foi o desabamento de parte do forro, que obrigou a direção do local a interditá-lo.
Cheio de goteiras e infestado de cupins, o forro colocava em risco a segurança de visitantes. Esse foi o motivo que levou o diretor dos museus Histórico e do Café, Daniel Basso, a lacrar o local.
“Com a queda do forro, não tem como tocar o museu mais. Fechei, não tenho mais como atender ninguém. Interditei para que possa fazer reparo emergencial sem oferecer riscos ao visitante”, afirmou.
Segundo ele, o acervo corre o risco de sofrer danos permanentes se os reparos necessários não forem feitos, e não há prazo para a reabertura do local.
O Museu Histórico funciona no mesmo complexo onde está localizado o do Café, que está fechado porque, para se chegar a ele, é preciso passar por um pavilhão cujo vidro está estourado e pode cair, ferindo visitantes.
Além disso, o forro oferece risco de desabamento total, especialmente em dias chuvosos.
O espaço também já foi alvo de furtos: há dois anos, uma bengala centenária que pertenceu ao ex-prefeito João Rodrigues Guião (1920-26 e 1929-30) foi furtada –ficava exposta sem proteção, presa por fios de náilon.
O museu tem 6.000 peças em seu acervo, entre as quais se destaca uma centenária máquina para grãos de café.
DOCUMENTOS EM BANHEIROS
Já o Arquivo Público e Histórico de Ribeirão funciona há 20 anos num imóvel precário, com documentos armazenados até em banheiros, e terá de transferir o acervo após decisão judicial.
A casa de 582 metros quadrados, construída em 1970, também tem documentos na garagem e em armários embutidos dos quartos. Há infiltrações, risco de incêndio, falta de climatização para auxiliar na preservação do acervo e traças, que colocam em risco documentos do período escravagista e das primeiras décadas do município, fundado em 1856.
A situação fez a Justiça dar liminar com prazo de dois anos para que o acervo seja transferido a outro imóvel –a prefeitura não recorreu e diz que o prazo será cumprido, mas pelo próximo prefeito, já que a atual, Dárcy Vera (PSD), deixará o cargo em 31 de dezembro.
Responsável pelos três imóveis, a Secretaria da Cultura mudou de comando no último dia 7. Ângelo Invernizzi, que já era titular da Educação, passou a acumular a pasta. Ele visitou o Museu do Café para avaliar os danos gerados pela queda do forro.
Por meio de sua assessoria, Dárcy disse que emendas parlamentares (uma delas de R$ 250 mil) estão sendo pedidas para projetos culturais, como o restauro e a manutenção dos museus.
Em sua apresentação, o secretário disse que é preciso preservar a história, trabalhando de forma conjunta com outras secretarias.