Professor de artes vira ‘sheik’ em dunas do Rio Grande do Norte

Cledivânia Pereira

NATAL Quem chega ao topo da principal duna da praia de Genipabu, município de Extremoz (a 20 km de Natal), descobre um pequeno mundo que reúne em 200 metros quadrados a Arábia Saudita, Egito e Índia. É a chamada “tenda cenário” montada pelo professor de artes João Maria, que desde 2015 trabalha vestido de sheik no ponto turístico. A proposta não vende nada material, apenas experiência fictícia “de estar em um deserto”.

Na tenda, que parece com um barracão de escola de samba que vai defender um enredo de deserto árabe, há réplicas de dromedário, elefante e cavalo em tamanho natural compondo o cenário para fotos. É um verdadeiro cenário “instagramável”. “A novidade para a próxima estação será um cavalo alado. Vamos trazer a mitologia grega para nossa tenda”, promete o professor.

Para entrar na tenda, vestir as roupas e posar para fotos sobre os animais de fibra de vidro, o professor cobra entre R$ 20 e R$ 30 por pessoa. Mas oferece desconto para grupos maiores.

Ele não revela quanto consegue faturar e lembra que a duna já teve mais movimento. “Trabalhar com turismo requer muita persistência e resistência. Especialmente quando o serviço que oferecemos é único e desconhecido”.

O professor iniciou o serviço em 2015, quando perdeu o cargo comissionado em uma prefeitura do interior potiguar. Começou vestindo os turistas que faziam o passeio nos dromedários, que fica na mesma duna. “Queria que todos saíssem bem nas fotos. Andar em dromedários vestido de sheik e odalisca é uma experiência muito mais rica. Especialmente para as fotos de recordação”.

Há dois anos, o “professor sheik” decidiu montar sua própria tenda no ponto turístico. Passou a oferecer o cenário e roupas para os turistas que não queiram fazer o passeio nos animais. “Ajudo a compor bons cenários para as fotos de redes sociais. É uma experiência única”.

Pórtico árabe no cenário erguido nas dunas em Extremoz (RN)

João Maria tem uma ajudante: Melâne Caly, 27. Ela trabalha vestida de odalisca e é quem orienta os turistas na escolha das roupas e acessórios.

Antes da tenda, ela já havia trabalhado em outras atividades do turismo na praia: vendedora ambulante e atendente em barracas de comida e bebida. “Aqui, parece outro mundo”, diz. Entre as tarefas de Melâne também está a de apontar os melhores cenários e ângulos de fotos para os turistas.

O casal de turistas de Goiás, José Pedro e Helô Diniz, chegou à duna de motocicleta e parou na tenda cenário para fazer fotos. “Vale a experiência. Não sabia que existia esse comércio aqui na duna. Não vamos andar nos dromedários, mas vamos fazer as fotos aqui para guardar de lembrança”.

Sobre a duna principal da praia, onde fica a tenda cenário, há pelo menos 20 pequenas barracas que formam uma improvisada feira turística. Essas, disputam espaço com bugueiros –que oferecem passeios avulsos– e ambulantes que sobrevivem vendendo água, refrigerante e cerveja.

Há, também, uma piscina de lona de 130 metros quadrados do skibunda, atrativo local que permite deslizar na areia sentado em uma espécie de prancha de madeira e cair na água. No local não há qualquer estrutura para receber turistas, como banheiros ou ponto de informações. Também não tem equipes de fiscalização ou seguranças.