Estátua gigante de Santa Rita atrai fiéis no interior do Rio Grande do Norte

Cledivânia Pereira

NATAL Conhecida como a santa das causas impossíveis, Santa Rita de Cássia dá nome a um santuário no interior do Rio Grande do Norte que anuncia ter a maior estátua da santa no mundo –devotos celebram hoje, 22 de maio, o dia de Santa Rita.

A estrutura de concreto, inaugurada em 2010, mede 56 metros de altura, sendo 50 m de estátua e o restante de pedestal. Não há comprovação oficial se é mesmo a maior do mundo, mas ultrapassa com folga a do Cristo Redentor (30 m só de estátua, além dos 8 m de base).

A Santa Rita gigante foi erguida com objetivo muito mais terreno que divino: alavancar o turismo religioso da pequena cidade de Santa Cruz, distante 111 quilômetros de Natal e que tem pouco mais de 39 mil habitantes.

Estátua mede 50 metros, fora os 6 m da base

Se a causa era impossível, Santa Rita conseguiu: hoje, nove anos após a conclusão das obras do santuário, o município teve a economia transformada em menos de uma década. Segundo dados da Secretaria de Turismo da cidade, a atividade já é a principal da economia local.

Em nove anos, o santuário recebeu cerca de dois milhões de visitantes, entre eles, turistas de 34 países. A rede de serviços da cidade praticamente triplicou.

Dos 604 leitos em hotéis e pousadas, 422 foram construídos após a conclusão do santuário. Treze dos 22 restaurantes também abriram as portas nos último nove anos e, hoje, empregam 167 pessoas com carteira assinada.

Hoje, no dia da Santa, mais de 80 mil pessoas são esperadas para a procissão de encerramento da festa anual, ou seja, o dobro da população da cidade.

“Desde o início da festa [13 de maio], não há vagas em nenhuma pousada ou hotel da cidade. E mais da metade dos leitos, já está reservada para o próximo ano”, diz o pároco do Santuário, padre Vicente Fernandes.

Essa peregrinação se dá muito mais pela curiosidade sobre a grandiosidade da obra do que por devoção à Santa Rita. De origem italiana, a santa passou a ser cultuada na região com a chegada dos primeiros moradores, por volta de 1800. A comunidade foi crescendo e ao se tornar cidade adotou Santa Rita como padroeira.

Sala dos milagres, criada no santuário em Santa Cruz (a 111 km de Natal)

Quem visita o local nem sempre sabe detalhes sobre a vida e obra de Santa Rita. “Fui atendida com uma graça que, para mim, parecia impossível. Vim agradecer, mas não sei maiores detalhes da história da Santa. O que sei, já é suficiente para ter fé”, diz a professora Edilaine Silva, 25, que aproveitava o feriado da Semana Santa para visitar o santuário.

A aposentada Severina Francisca da Silva, 72, também visitava a santa em excursão. O grupo vinha de João Pessoa (PB) e a viagem passava por outros locais de peregrinação no interior potiguar.

Edilaine Silva, 25 (de preto), com a família, no feriado da Semana Santa

Fé nordestina

O santuário ‘concorre’ na região com locais de peregrinações como Guarabira (PB) e Juazeiro do Norte (CE), que possuem estátuas de Frei Damião e Padre Cícero, dois representantes da religiosidade nordestina

A santa de origem europeia conseguiu atrair a atenção dos católicos não pela proximidade da obra religiosa, mas a partir da grandiosidade da obra física.

O monumento foi erguido no alto do Monte Carmélio, antigo ponto de peregrinação da cidade, e pode ser visto a uma distância de cinco quilômetros, atraindo a atenção de quem viaja pela BR 226, que cruza a cidade. Políticos e igreja se uniram para viabilizar o projeto que recebeu investimento de R$ 5 milhões do Ministério do Turismo, governo e prefeitura.

Os recursos possibilitaram a construção do Santuário e vias de acesso. Outros R$ 12 milhões estão sendo utilizados —também em convênio com o ministério do Turismo — para a implantação de um teleférico que vai ligar a estátua à igreja matriz, que fica no centro da cidade.

A expectativa de padre Vicente é que o novo equipamento esteja implantado em 2020, para comemoração dos dez anos do Santuário. “Nada é impossível para Santa Rita”, diz o pároco.
Santa Rita de Cássia

No Brasil, a devoção a Santa Rita de Cássia foi trazida pelos portugueses. Tanto que a imagem mais conhecida da santa é de origem portuguesa, com uma cruz na mão direita e uma palma na outra.

Nascida Rita Lotti, ainda no século 19, na Itália, Santa Rita de Cássia foi canonizada em 1900 pelo Papa Leão 13.

A tradição católica narra que Santa Rita casou-se contra a sua própria vontade. Mesmo assim, viveu com o esposo, que era um homem violento e envolvido nas brigas de família.

Depois da morte do marido e dos filhos gêmeos, entrou para o convento das irmãs agostinianas, em Cássia, na Itália.

Numa sexta-feira Santa, teria sido agraciada com um estigma na fronte (uma ferida, análoga à de Cristo na Cruz, segundo a tradição católica). A ferida a acompanhou até a sua morte, em 22 de maio de 1447. A primeira Igreja dedicada a Santa Rita no Brasil está no Rio de Janeiro e foi construída em 1710.

Fonte: CNBB