Aos 13 anos, touro mais temido das arenas inicia processo de aposentadoria
Marcelo Toledo
RIBEIRÃO PRETO
Após encerrar mais uma participação como principal touro da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (a 423 km de São Paulo), o touro Bipolar iniciou o processo de aposentadoria das arenas.
Aos 13 anos, o animal, que pesa 1.100 quilos e há dois anos não é batido por nenhum peão, começará a sair gradativamente de cena, até deixar de ser levado para rodeios.
Bipolar mora na fazenda Santa Marta, em Icém, faz parte do plantel do tropeiro Paulo Emílio Marques e passou a integrar, em agosto, o top 3 de touros no mundo. Hoje é o segundo no ranking.
A colocação –pela primeira vez um touro brasileiro chega a essa posição– foi impulsionada pelo desempenho em Barretos, onde derrubou o peão Danilo Torres Sobrinho na última montaria do Barretos International Rodeo.
Se parasse no touro os oito segundos exigidos pelo regulamento para que a montaria fosse validada, o competidor levaria o título e uma camionete de R$ 250 mil. Suportou apenas quatro segundos.
Bipolar tem seis anos de atuação em rodeios, carreira que, para seu dono, teve alto nível desde o início. “Superou todas as expectativas de um touro atleta. Geralmente eles competem de três a quatro anos, mas ele é diferente, manteve o alto nível”, disse o tropeiro.
Não há uma estimativa oficial sobre o total de peões derrubados pelo touro em sua carreira, mas o tropeiro calcula que cerca de 700 montarias terminaram com vitória de Bipolar.
Dez peões conseguiram parar o tempo regulamentar sobre o touro, o último deles há mais de dois anos.
Ao se aposentar definitivamente, o que ainda não tem prazo definido para ocorrer, o animal terá amealhado 80 fivelas de melhor touro em festas de peão e três eleições de melhor do ano –2012, 2016 e 2017.
LENDAS
Na fazenda em que vive, será erguido um memorial para o touro Agressivo, que ocupou o posto de mais temido antes de Bipolar e que morreu em julho. Com artrose, o animal estava aposentado desde 2015 e morreu aos 17 anos.
Paulo Emílio foi dono também do touro Bandido, que morreu em 2009 devido a um câncer e que foi enterrado no Parque do Peão de Barretos. No local, foi erguido um monumento a ele.
Na fazenda em Icém, há 160 animais de rodeios, preparados com treinos de fortalecimento muscular, exercícios diários e exames de saúde a cada dois meses. Em caso de lesões, são submetidos a sessões de acupuntura.