Caminho da Fé cria nova certificação a peregrinos e prevê duas novas rotas

POR MARCELO TOLEDO, EM RIBEIRÃO PRETO

O Caminho da Fé, já tradicional rota de peregrinos até Aparecida (SP), oferecerá aos seus participantes mais uma certificação a partir deste sábado (30) e já prevê dois novos ramais de partidas de romeiros para este ano.

A nova certificação receberá o nome de Padre Donizetti, que viveu em Tambaú –principal ponto de partida de peregrinos na rota– e será concedida a quem percorrer o trecho entre Sertãozinho e a cidade, num trajeto de 147 quilômetros. Ao concluir, o peregrino receberá no santuário de Tambaú um certificado de participação no trecho.

Atualmente, só recebem esse certificado os romeiros que percorrerem ao menos cem quilômetros e chegarem até Aparecida, de acordo com a Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Quem sair de Sertãozinho e tiver Aparecida como destino, portanto, receberá dois certificados de peregrinação.

De acordo com Camila Bassi Teixeira, assessora de planejamento da associação, o percurso até Aparecida a partir de Sertãozinho é o mais longo, com 571 quilômetros, e a nova certificação tem como objetivo aproximar os municípios que integram os ramais do Caminho da Fé.

Até o final do ano, devem ser abertos dois novos ramais, ligando Borborema e Franca a Aparecida. Franca é uma das cidades com maior número de peregrinos na rota, especialmente grupos de ciclistas.

Atualmente, há sete ramais em funcionamento no Caminho da Fé, incluindo o pioneiro, que começa em Águas da Prata. Todos iniciam em cidades paulistas, mas cortam em algum momento trechos de municípios mineiros.

EM ALTA

Desde o surgimento do caminho, há 15 anos, 42 mil pessoas peregrinaram até Aparecida, num fluxo de romeiros que tem crescido a cada ano.

Em 2016, foram 6.000, número que chegou a 8.000 no ano passado. Para este ano, a meta é atingir 10 mil peregrinos, segundo a assessora de planejamento.

“Acreditamos que o caminho é uma ferramenta de saúde pública, transforma a pessoa num ser humano melhor durante o trajeto. Além da questão religiosa, claro, já que a fé fica muito forte”, disse.

A rota que corta municípios paulistas e mineiros foi inspirada no caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

Tem mais de 950 quilômetros de extensão, contabilizando seus ramais, e passa por aproximadamente 40 cidades dos dois estados até chegar a Aparecida.

A duração da rota depende do ritmo de cada peregrino –em média, de 15 a 20 dias a pé, ou de 6 a 10, de bicicleta.

O caminho é percorrido em parte pela Serra da Mantiqueira, por meio de estradas de terra que cortam a área rural dos municípios.

Nesses locais, moradores de sítios e fazendas acolhem e incentivam os peregrinos e, a partir de algumas propriedades rurais, surgiram pousadas que hoje hospedam os viajantes.

O roteiro contempla dezenas de capelas, algumas com importância histórica e arquitetônica, como a capela de São Benedito, em Cravinhos (a 292 km de São Paulo), e igrejas em Ouro Fino e Borda da Mata, ambas no trecho mineiro do percurso.