Ponte da Amizade terá 130 câmeras para monitorar tráfego entre Brasil e Paraguai

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POR MARCELO TOLEDO, EM FOZ DO IGUAÇU (PR)

A ponte da Amizade, principal e mais famosa ligação entre o Brasil e o Paraguai, receberá 130 câmeras para monitorar o tráfego de veículos e o fluxo de pedestres diário entre os dois países.

 

O projeto foi elaborado pela PF (Polícia Federal), custará cerca de R$ 2,5 milhões e será pago pela Itaipu Binacional.

A Ponte da Amizade sobre o rio Paraguai, que separa Foz do Iguaçu de Assunção. Ao fundo, do lado direito da foto, o NEPOM (Núcleo Especial de Polícia Marítima). Fotos: Bruno Santos/Folhapress

“Assinamos convênio com a participação da PF para financiar a colocação de câmeras em toda a ponte, para combater [o tráfico de] drogas e contrabando de cigarro”, afirmou Marcos Vitorio Stamm, diretor-geral brasileiro de Itaipu.

 

Não há previsão para a colocação em funcionamento de todo o sistema, já que o projeto depende de licitação.

 

A proposta prevê ainda que o sistema será operado pelos dois países e cada um terá controle dos dados que forem coletados em seu território.

 

A região da ponte da Amizade, embora já seja a fronteira mais vigiada do país, é também um local em que é possível encontrar pequenas embarcações cruzando o rio Paraná de uma margem a outra, além de laranjas que cruzam a ponte mais de dez vezes por dia com produtos contrabandeados.

 

Folha flagrou no último mês, por três dias seguidos, barcos fazendo a travessia ilegal entre os dois países ao amanhecer.

Eles fazem a travessia entre 5h30 e 7h, sempre no mesmo ponto, com desembarque em “portos” ilegais abertos às margens do rio Paraná e, dali, partem em veículos normalmente por estradas vicinais para evitar a fiscalização na BR-277, principal via de acesso a Foz.

 

De acordo com Stamm, o projeto é importante por envolver aspectos da segurança nacional e também da própria hidrelétrica.

 

Questionado pela Folha sobre ações de segurança adotadas no lago de Itaipu para coibir as travessias ilegais de barcos com produtos contrabandeados do Paraguai para o Brasil, Newton Kaminski, diretor de coordenação de Itaipu, afirmou que o local é um “grande desafio” em termos de vigilância devido à sua dimensão e que há acordos com órgãos de fiscalização para as ações de repressão.

 

“Temos 170 quilômetros em linha reta de Foz do Iguaçu a Guaíra [extensão do lago], mas são 1.400 quilômetros de margens do reservatório. Temos convênios com a PF, como uma base embaixo da ponte da Amizade. Também temos a Marinha como nossa parceira e, ao longo do reservatório, convênios com a polícia.”

 

Kaminski disse que as parcerias têm como objetivo evitar ou reduzir a entrada de contrabando no Brasil.

 

Na Ponte da Amizade, que conta com fiscalização da PF, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), da Receita Federal e da Força Nacional, há laranjas do contrabando que chegam a cruzar o espaço até 15 vezes por dia em troca de R$ 10 a R$ 20 por passagem.

 

Além do lago de Itaipu, quadrilhas de contrabandistas e de traficantes utilizam os cerca de 800 quilômetros de fronteira seca entre os dois países após o fim do lago, em Guaíra.