Hospital de Câncer de Barretos põe mais cinco carretas de prevenção à doença nas rodovias do país
POR MARCELO TOLEDO, EM RIBEIRÃO PRETO
Iniciado em 1994 com uma bicicleta, o trabalho de prevenção ao câncer desenvolvido pelo Hospital de Câncer de Barretos (a 423 km de São Paulo) terminará o ano com 23 unidades móveis de combate a variadas formas da doença aptas a rodar pelo país.
Essas novas unidades deverão iniciar o trabalho de prevenção entre janeiro e fevereiro, ampliando em 800 os atendimentos diários do hospital, referência no tratamento da doença no país, no setor de prevenção.
Atualmente, há nove unidades fixas de prevenção –São Paulo (três), Mato Grosso do Sul (duas), Rondônia (duas), Bahia e Sergipe (uma cada)– e 18 unidades móveis. Serão abertas até o fim do ano unidades fixas (prédios) em mais dois Estados, Amapá e Acre, para atender casos de câncer de mama, colo de útero, pele, boca e pulmão.
Nessas nove unidades preventivas são atendidas 4.200 pessoas diariamente, segundo Rafael Haikel Júnior, diretor médico das unidades de prevenção do Hospital de Câncer de Barretos.
Essas carretas funcionam como “satélites” das instalações fixas, orbitando num raio de 250 quilômetros de onde os prédios estão instalados.
Além de evitar complicações de saúde –objetivo principal das ações de prevenção–, o trabalho feito pelo hospital também tem como meta reduzir custos dos tratamentos.
De acordo com Haikel Júnior, um câncer de mama, quando descoberto na fase inicial, tem um tempo médio de tratamento de seis meses (até que a mulher retome atividades habituais), com chance de cura de 98% e custo hospitalar de R$ 10.500.
Já quando a doença é descoberta em estágio avançado, as chances de cura caem para 40% e a paciente só consegue voltar às atividades normais em dois anos e meio, com um custo no tratamento de R$ 144.200.
Mama e colo de útero representam até 70% dos casos nas unidades de prevenção. No hospital em Barretos, o índice é de 30%.
PRIMÓRDIOS
Embora tenha iniciado com uma bicicleta, o projeto mais intenso de prevenção começou a ser desenvolvido em 2002, com o uso de um ônibus adaptado para avaliar possíveis casos de câncer de mama.
Antes do início dos atendimentos país afora, o hospital tinha índices de 14% de casos de câncer de mama inicial e 70% de casos de mama avançados.
Dez anos após o início do projeto, o índice de casos de câncer de mama em fase inicial chegou a 86%. “Dentro das nossas unidades não houve nenhum caso de câncer de mama avançado”, disse. Segundo ele, só pelo número o projeto já se justificaria.
O trabalho de prevenção era um sonho de Paulo Prata, fundador do hospital e pai do atual gestor, Henrique Prata.