Cinema de rua usa fachada ‘nostálgica’ para atrair espectadores no Norte do país
POR MARCELO TOLEDO, EM BOA VISTA (RR)
Flintstones, Superman, Shrek, Batman, Homem-Aranha, Branca de Neve, Cinderela, Sherlock Holmes, Smurfs, Homem de Ferro, Kung-Fu Panda e Minions. Todos eles juntos, na rua, e cada vez ganham a companhia de novos personagens do cinema.
Para conter a fuga de clientes para salas instaladas em shopping centers, um cinema de rua de Boa Vista (RR) se antecipou, dotou as salas de sistema digital, altera sua fachada constantemente e consegue sobreviver.
Com cinco salas abertas, o Cine Super K comporta 807 pessoas e consegue sobreviver à concorrência de duas redes –com nove salas– instaladas nos dois shoppings que surgiram há pouco mais de dois anos na capital de Roraima.
O cinema já existe há mais de quatro décadas e está no local atual, próximo ao Centro Cívico –que concentra órgãos públicos, como o palácio do governo–, desde 1996.
Começou com uma sala para 750 pessoas, quando a cidade tinha apenas 20 mil habitantes –hoje são mais de 320 mil. Mesmo assim, lotava diariamente.
Eram, no entanto, outros tempos, sem a concorrência de TV a cabo, smartphones, tablets e Netflix.
Hoje, para continuar existindo nas ruas –o que é cada vez mais raro no país–, precisou baixar o preço da pipoca (R$ 8) e do refrigerante (R$ 4) para concorrer com as salas dos shoppings e também oferecer descontos na entrada. Ela custa R$ 20 nas quatro salas 3D, mas todos pagam meia-entrada de segunda a sexta-feira.
Além disso, precisou “inventar”, nas palavras de Francisco Carlos, gerente do local há 20 anos. “A fachada trouxe de volta a nostalgia do cinema, o glamour dos anos 50 e 60”, disse. E como surgiu? Foi aos poucos, com um personagem de cada vez, até chegar à configuração atual.
Muitas pessoas param em frente ao local apenas para fazer selfies. O estudante Fábio Lins foi um deles.
“É uma fachada diferente, colorida, parece cinema de antigamente mesmo”, disse o estudante.
O material usado é oriundo de um parque aquático existente na cidade e que pertence ao mesmo dono.
“Queríamos chamar a atenção das pessoas, algo que remetesse ao encanto do cinema”, disse o gerente.