Primeiro brasileiro vacinado contra a dengue teve mais de 400 amigos infectados

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ESTELITA HASS CARAZZAI
ENVIADA ESPECIAL A PARANAGUÁ (PR)

 

O paranaense Wallace Domingues, 35, perdeu a conta de quantos amigos tiveram dengue no último ano. “Ih, mais de 400”, afirma. Irmã, pai e cunhado foram infectados. Um de seus melhores amigos morreu pela doença.

Primeiro brasileiro vacinado contra a dengue, o próprio Domingues pegou o vírus duas vezes. “É uma dor de cabeça tremenda. Parece que não vai passar nunca”, diz. “E da segunda vez, é pior”.

O pintor industrial Wallace Domingues, 35, exibe sua carteira de vacinação. Ele foi o primeiro brasileiro vacinado contra a dengue em Paranaguá (PR) - Foto: Estelita Hass Carazzai
O pintor industrial Wallace Domingues, 35, exibe sua carteira de vacinação. Ele foi o primeiro brasileiro vacinado contra a dengue em Paranaguá (PR) – Foto: Estelita Hass Carazzai
 Morador de Paranaguá, cidade portuária no litoral do Paraná, ele inaugurou no último dia 26 a primeira campanha de vacinação pública contra a dengue no Brasil.
Serão aplicadas 500 mil doses, em 30 municípios do Paraná. Paranaguá teve uma das piores epidemias da sua história. Pelo menos 10% da população teve dengue, e 29 pessoas morreram.

“Foi a combinação perfeita para o mosquito: calor, chuva e umidade”, diz o prefeito Edison Kersten (PMDB), que também é médico.

 

Em Paranaguá, em três dias, o Aedes aegypti completava seu ciclo de vida, de ovo a inseto –normalmente, leva dez.

Um centro de emergência contra a doença foi montado. No pico da epidemia, mais de 1.500 pessoas eram atendidas por dia.

Paranaguá foi escolhida para o início da campanha de vacinação. Devido ao grau de incidência da doença, serão atendidas pessoas entre 9 e 44 anos –na maior parte das cidades, a vacina é restrita ao público entre 15 e 27 anos.

“[A vacina] é uma vitória muito grande. Mas a população também tem que botar a mão na cabeça e combater o mosquito”, diz Domingues.

Ele integra um grupo de voluntários que faz a limpeza da cidade e o combate aos focos de dengue. “Se não tiver consciência, não adianta”.