Círculos em plantações assustam moradores do PR e SC

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LUCAS REIS, DE SÃO PAULO

Um apagão atingiu parte da zona rural de Prudentópolis (PR), a 204 km de Curitiba, na madrugada do último dia 6. Pela manhã, os donos de uma chácara levaram um susto: a plantação de trigo formava uma figura gigante de mais de 70 metros, com círculos delineados pelas plantas caídas.

Famosos na ficção científica, os agroglifos —círculos ou figuras geométricas que surgem em plantações sem explicação— têm mexido com a imaginação da população de ao menos três municípios do Paraná e de Santa Catarina.

O roteiro costuma ser o mesmo: as marcas aparecem do dia para a noite e a vegetação fica deitada, geralmente em um único sentido. Não há pistas nem rastros dos autores, o que dá margem para a teoria de que seriam sinais de óvnis e extraterrestres e atrai ufólogos e curiosos pelo tema.

“Quando acordamos, nos disseram que haviam dado ‘cavalo de pau’ [derrapagens com carros] no trigo. Então percebemos que o trigo estava abaixado, e não derrubado nem amassado, sempre no sentido anti-horário, e sem tirar nenhuma rama. Dá até para utilizar o trigo”, afirma a radialista Adriana Santini, uma das proprietárias da chácara em Prudentópolis.

O local, visível de uma rodovia, virou ponto turístico. Drones sobrevoam a área, curiosos invadem a plantação para fotografar e até um time de ufólogos visitou a chácara. “Já tem uma equipe do [canal] History Channel produzindo um material sobre o caso”, afirma Adriana.

“Quando eu lia sobre o assunto, dava risada, lembrava do [filme] ‘Sinais’. Mas quando vi de perto, me assustei. O ser humano não é capaz de fazer isso, é algo fora do comum”, conta a radialista.

Além de Prudentópolis, há registro do fenômeno em Chopinzinho (PR), em julho deste ano, também em uma lavoura de trigo. Em Santa Catarina, os agroglifos têm surgido há pelo menos sete anos.

Em Ipuaçu (SC), os moradores já se habituaram: desde 2008, círculos que superam 100 m surgem nas lavouras sempre próximo aos meses de outubro e novembro, em diversas propriedades.

O físico e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Jorge Quillfeldt, coordenador da disciplina de exobiologia, não tem dúvidas: trata-se de obra de ET. “Extremamente Terrestre”, brinca Quillfeldt.

Segundo o professor, faltam provas da ação de extraterrestres e sobra vontade de acreditar. “Todos os anos aparecem centenas disso. Há grupos ingleses, inclusive, que se dedicam a fazer isso, há vídeos na internet que mostram como fazer as marcas usando cordas e tábuas. E atualmente, com o GPS, é ainda mais fácil”, afirma.