Apesar de crise, 2.600 devem gastar mais de R$ 1 mi em feira agrícola
POR MARCELO TOLEDO, DE RIBEIRÃO PRETO
Apesar da crise que atinge o setor sucroenergético nos últimos anos, cerca de 2.600 empresários preveem gastar acima de R$ 1 milhão em equipamentos numa feira agrícola que será realizada em agosto no interior de São Paulo.
Principal evento ligado à produção canavieira do país, a Fenasucro (Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética), em Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), prevê mais de R$ 2,2 bilhões em negócios neste ano, volume superior ao da última edição, ancorado nos credenciamentos feitos até aqui.
Com perspectiva de receber 33 mil visitantes, 8% deles afirmaram no credenciamento terem poder de compra superior a R$ 1 milhão.
Se a média de inscrições for mantida até o início do evento, serão pouco mais de 2.600 empresários com esse volume em mãos para os negócios, o que representaria R$ 2,6 bilhões em compras para as indústrias do setor sucroenergético.
A feira é realizada pelo Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), que em janeiro já participou de uma manifestação com o objetivo de chamar a atenção do governo federal sobre as demissões no setor e o potencial de Sertãozinho para gerar energia elétrica por meio da queima do bagaço de cana-de-açúcar.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelas usinas de açúcar e etanol devem resultar em pelo menos dez unidades fechadas na atual safra em Estados do centro-sul do país, como São Paulo e Minas.
O setor, que já sofreu o fechamento de 50 usinas desde 2008, de um total de cerca de 370, está travado, sem receber investimentos.
“O empresário pode não comprar uma usina nova, mas ele tem de fazer a manutenção do que ele já possui. E a feira tem esses equipamentos, é o momento de ele saber como está o comportamento da atual safra e já projetar os negócios para a entressafra”, afirmou Paulo Montabone, gerente-geral da Reed Exhibitons Alcantara Machado, que promove a feira agrícola.
A safra 2015/16 foi iniciada entre os meses de março e maio nas usinas do centro-sul do país, devendo ser concluída entre novembro e dezembro, mês em que começa a manutenção dos equipamentos nas plantas industriais, até a próxima safra começar.
Diretor de uma indústria do setor, o engenheiro Paulo Roberto de Oliveira disse que a crise está corroendo o setor, mas ficar sem investir pode representar perdas ainda maiores.
“Com os equipamentos funcionando fora das regulações ideais, a produção cai e acentua ainda mais a crise. Em casos assim, gastar é investir, é primordial.”
Com 450 expositores, a Fenasucro será realizada entre os dias 25 e 28 de agosto.