Museu da TAM estuda deixar interior e transferir 96 aviões para a Grande SP
MARCELO TOLEDO, DE RIBEIRÃO PRETO
Com 96 aeronaves em seu acervo e nove anos de existência, o Museu TAM estuda se transferir de São Carlos (SP) para outro local, possivelmente na região metropolitana de São Paulo.
A decisão, segundo a Folha apurou, envolve o crescimento do museu, que teria ficado grande para a cidade, e o número de visitantes abaixo das expectativas. Em 2014, foram 110 mil visitas, segundo a companhia aérea.
O presidente do museu, João Amaro, irmão de Rolim Amaro —ex-presidente da TAM (1942-2001)—, falou sobre o tema ao prefeito de São Carlos, Paulo Altomani (PSDB), em ao menos três oportunidades, em diferentes eventos e por telefone.
O museu foi aberto ao público em 2006 e, dois anos depois, fechou para ser ampliado —passou de 9.000 m² para os atuais 22 mil m². Recebeu inicialmente R$ 30 milhões de investimentos, dos quais 40% vieram de incentivos governamentais.
Reabriu em junho de 2010 e, desde então, o acervo, que não parou de crescer, atraiu visitantes como o vocalista Bruce Dickinson, da banda de heavy metal Iron Maiden, que também é piloto.
A coleção de aeronaves começou em 1966, com um Cessna-195, de 1950, num leilão. Rolim e João chegaram a viajar de moto, outra paixão de ambos, para Argentina e Chile atrás de mais aviões antigos. Conseguiram 15.
O acervo foi ampliado com doações de clientes e fornecedores. Entre os mais valiosos, está um Spitfire, de 1942, da Rolls-Royce, que participou da Segunda Guerra.
A mudança ocorreria em um prazo de até cinco anos. Para tentar evitar a perda da atração, o principal argumento a ser usado pelo governo de São Carlos é o de que o museu faz parte de um complexo aeroespacial muito maior.
O setor aéreo na região contempla o centro de manutenção de aeronaves da própria TAM na cidade, a internacionalização do aeroporto de São Carlos —em fase de aprovação—, cursos ligados à aviação oferecidos em instituições como a USP e a unidade da Embraer na vizinha Gavião Peixoto.
‘EM ESTUDO’
Procurado via assessoria, Amaro não comentou. A TAM informou que ele não estava disponível e que o museu “estuda as possibilidades de transferência do seu acervo para outra localidade”, sem especificar prazo.
Em 2014, em entrevista à Folha, Amaro disse que, devido à falta de espaço para novas aeronaves, a preferência do museu era por aviões de importância histórica e em condições de voar. Afirmou ainda que, para os próximos anos, tinha planos de levar o acervo documental da empresa para São Carlos.
Já a Prefeitura de São Carlos informou, por meio de nota, que fará o que estiver ao alcance para manter o museu, por considerá-lo um patrimônio da cidade e parte do polo aeroespacial.
O museu funciona de quarta a domingo, das 10h às 16h. Os ingressos custam R$ 25 e R$ 12,50 (meia). Crianças de até seis anos e idosos acima de 65 têm gratuidade. Às quartas, a entrada é grátis.