Ataques entre PT e PSDB criam ‘terceiro turno’ eleitoral em Minas
PAULO PEIXOTO, DE BELO HORIZONTE
Após o ataque do governador Fernando Pimentel (PT) ao “choque de gestão” do tucano Aécio Neves, o PSDB partiu para a ofensiva acusando os petistas de “fichas-sujas” e de “nepotismo”.
As críticas foram divulgadas pelo que a agência de notícias do PSDB-MG chamou de um “balanço de cem dias” da gestão Pimentel, elaborado pela oposição na Assembleia Legislativa.
O revide se deu na terça-feira (7), um dia após o petista convocar a imprensa para dizer que o “choque de gestão” deixou Minas em “grave crise”.
O ambiente político entre governo e oposição ficou mais acirrado. O clima é de terceiro turno eleitoral. Apesar dos ataques tucanos, o PSDB não deve fazer nada
Usado na sua propaganda eleitoral contra a presidente Dilma Rouseff, o “choque de gestão” é um dos programas xodó de Aécio criado quando ele governou Minas (2003-2010) e continuado pelo também tucano Antonio Anastasia (2011-14) e pelo aliado Alberto Pinto Coelho (PP).
Ao contra-atacar, o PSDB relacionou o que chamou de “ficha-sujas” do governo, incluindo o próprio Pimentel.
“Além do próprio governador, que responde a diversos processos por fraude em licitação pública, lavagem de dinheiro e desvio de R$ 5 milhões da Prefeitura de Belo Horizonte, vários integrantes do secretariado respondem ou já responderam a graves processos”, diz o balanço.
O fato de Pimentel e secretários do seu governo serem investigados ou serem réus em processos na Justiça não os torna, porém, “ficha-suja”. A lei brasileira só considera “ficha-suja” as pessoas com condenação por um colegiado (mais de um juiz).
*MENSALÃO ‘MINEIRO’*
Na lista do PSDB são relacionados dez secretários. E nessa disputa, até José Afonso Bicalho (Fazenda), que é réu no chamado mensalão tucano, foi citado. Nesse caso, o PSDB fala em “mensalão mineiro”.
O mensalão tucano foi um suposto desvio de R$ 3,5 milhões (à época) para a fracassada campanha eleitoral de 1998 do PSDB ao governo de Minas.
Bicalho, que era na ocasião ex-presidente do banco estatal Bemge, nega a acusação.
Também Pimentel sempre negou ter praticado irregularidades nos processos a que responde, como o que trata da compra de câmaras de vigilância sem licitação em um convênio com a Câmara de Dirigentes Lojistas, quando ele era prefeito de BH (2004-2008).
Os secretários de Pimentel são citados por suspeitas de crimes como improbidade administrativa, irregularidades em contratos e licitações e crime eleitoral.
Sobre existir “nepotismo e apadrinhamento político” na gestão, a oposição citou casos como o já levado por ela ao Ministério Público sobre a nomeação de um filho do vice-governador, Antônio Andrade (PMDB), para a direção da Cemig.
OUTRO LADO
O governo de Minas evitou mais polêmicas. Mas reafirmou, em nota à Folha, as posições de Pimentel sobre o quadro de crise herdado dos tucanos.
“Diante de dados consistentes e irrefutáveis apresentados à população mineira por meio de um amplo diagnóstico sobre a realidade do Estado, os opositores do governo insistem em recorrer a acusações infundadas, que não encontram qualquer respaldo nas legislações vigentes nem tampouco [tem] credibilidade perante os cidadãos.”
Segundo o governo, nenhuma das nomeações citadas “se enquadram” na lei que trata de nepotismo. Da mesma forma, informou que não há secretários impedidos legalmente de exercerem seus cargos.