De cada 4 deputados ‘trabalhistas’, 3 votaram pela terceirização

brasil

JOÃO PEDRO PITOMBO, DE SALVADOR

Parlamentares dos seis partidos que carregam o trabalhismo no nome ou como principal bandeira votaram maciçamente a favor da PL 4330, que flexibiliza as regras de terceirização do trabalho.

Levantamento feito pela Folha junto à Câmara dos Deputados aponta que 75,8% dos 62 deputados do PDT, PTB, SD, PTN e PT do B foram favoráveis ao projeto de lei cuja aprovação foi festejada pelo empresariado.

No último dia 7, movimentos sociais como a CUT e o MST elegeram a terceirização trabalhista como a vilã dos protestos realizados em 14 capitais.

O Solidariedade, que tem a central Força Sindical como principal base política, foi unânime na votação e teve 14 deputados favoráveis ao projeto.

“Fomos a favor porque o projeto é bom. Ele regulamenta as contratações e garante direitos a 12 milhões de trabalhadores terceirizados que hoje estão abandonados”, diz o presidente nacional do SD, deputado Paulinho da Força (SP).

Relator do projeto, o deputado Arthur Maia (SD-BA) criou polêmica ao ter afirmado que deu “muita risada” dos protestos do dia 7. E ironizou: “A CUT já é uma terceirização do PT na luta sindical. Não entendo eles serem contra”, disse o deputado sobre as relações da central sindical com os petistas.

O PTB, cuja origem e história remontam ao getulismo, teve 16 deputados a favor e seis contra a proposta.

No PDT de Leonel Brizola, também um ícone do trabalhismo no Brasil, 13 parlamentares foram favoráveis e cinco contrários.

Para especialistas, a ampla adesão ao projeto é resultado do enfraquecimento do governo, do empenho pessoal do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e da conivência da bancada que representa o mundo do trabalho.

“Há uma ausência completa de articulação em relação aos direitos dos trabalhadores no Congresso Nacional”, afirma Antônio Augusto Queiroz, cientista político e coordenador do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).

‘ESTRELA SOLITÁRIA’

Coube ao nanico PTC ser o único partido trabalhista a resistir unanimemente contra o projeto: seus dois deputados foram contra.

O deputado Uldurico Jr (PTC-BA), justifica: “Não sou muito ligado à ideologia, mas fui eleito para representar o povo, não os empresários”.

SAIBA QUEM VOTO SIM

PTB: Adelson Barreto (SE), Alex Canziani (PR), Antonio Brito (BA), Arnon Bezerra (CE), Benito Gama (BA), Jorge Côrte Real (PE), Josué Bengtson (PA), Jovair Arantes (GO), Jozi Rocha (AP), Luiz Carlos Busato (RS), Nelson Marquezelli (SP), Nilton Capixaba (RO), Paes Landim (PI), Ricardo Teobaldo (PE), Walney Rocha (RJ) e Wilson Filho (PB)

PDT: Abel Mesquita Jr. (RR), Afonso Motta (RS), André Figueiredo (CE), Dagoberto (MS), Deoclides Macedo (MA), Félix Mendonça Júnior (BA), Flávia Morais (GO), Giovani Cherini (RS), Major Olimpio (SP), Mário Heringer (MG), Roberto Góes (AP), Sergio Vidigal (ES) e Weverton Rocha (MA)

SD: Arthur Oliveira Maia (BA), Augusto Carvalho (DF), Augusto Coutinho (PE), Aureo (RJ), Benjamin Maranhão (PB), Carlos Manato (ES), Elizeu Dionizio (MS), Expedito Netto (RO), Ezequiel Teixeira (RJ), Genecias Noronha (CE), Laercio Oliveira (SE), Lucas Vergilio (GO), Paulo Pereira da Silva (SP) e Zé Silva (MG)

PTN: Delegado Edson Moreira (MG) e Renata Abreu (SP)

PT do B: Luis Tibé (MG) e Pastor Franklin (MG)