No interior de SP, mãe e dois filhos sofrem com a dengue

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MARCELO TOLEDO, EM TRABIJU (SP)

A dengue foi tão devastadora na família da agropecuarista Rosa Maria Machado, 57, que ela quer se esquecer dos efeitos da doença. Mas não consegue.

Moradora de Trabiju (a 308 km de São Paulo), ela disse sentir, diariamente, dores no corpo e um amargor na boca depois de ter contraído a doença, no final de janeiro.

“Fico toda bamba, não consigo enxergar direito e sinto um gosto amargo na boca que não passa”, afirmou ela.

Desde que teve dengue, Rosa Maria Machado sente dores no corpo - Joel Silva/Folhapress
Desde que teve dengue, Rosa Maria Machado sente dores no corpo – Joel Silva/Folhapress

Além da agropecuarista, seus filhos, Diego Machado, 18, e Talia Rosa Machado, 16, também contraíram a doença, que paralisou as atividades agrícolas da família.

Proprietária de uma chácara próxima à área urbana, Rosa teve dificuldade para cuidar dos porcos e das galinhas. Além das criações, a família produz cana-de-açúcar e milho.

“Acho que na minha casa até as galinhas tiveram dengue. É uma sensação que não desejo para ninguém, que te derruba mesmo. E atrapalhou muito nossas atividades”, disse Rosa.

Segundo ela, enquanto a família estava acamada 12 galinhas morreram na propriedade.

Trabiju, com seus 1.650 habitantes, é a quinta menor cidade do Estado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e tinha 112 casos confirmados de dengue até o início do mês.

A epidemia local colocou o município como o campeão de incidência no país, segundo dados do Ministério da Saúde.

Outras seis cidades paulistas aparecem entre as dez com maior incidência: Paraguaçu Paulista, Florínia, Guararapes, Estrela d’Oeste, Catanduva e Júlio Mesquita.

O estudante Diego, filho de Rosa, disse que a maior dificuldade era conseguir levantar da cama. “Dava coceiras, dores em todas as partes do corpo. Graças a Deus passou, mas tem muita gente ruim na cidade.”

A Prefeitura de Trabiju informou que, apesar de o pico de transmissão ter passado, as equipes prosseguem fazendo nebulizações e arrastões para evitar a propagação da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.