Eleição marca ‘americanização’ da política no Brasil? Tire suas conclusões

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FELIPE BÄCHTOLD, DE PORTO ALEGRE

A eleição de 2014 solidificou algumas partes do país como redutos tucanos ou petistas na votação para presidente. Pela terceira vez seguida, sete Estados escolheram um candidato do PSDB no segundo turno: São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e os três do Sul.

Do lado oposto, todo o Nordeste, Rio, Minas e quatro Estados do Norte votaram mais em Dilma, assim como haviam feito em 2010 e, oito anos atrás, com o então candidato à reeleição Lula.

A divisão, explicitada nos mapas que dividem o país em áreas em azul e vermelho, lembra bastante a polarização entre democratas e republicanos nos Estados Unidos.

Lá, alguns Estados são territórios cativos de um determinado partido, como a Califórnia tradicionalmente democrata ou o Texas sempre republicano.

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Divisão das preferências na eleição presidencial de 2012 nos EUA // Reprodução/Folha

No Brasil, ainda pode ser cedo para afirmar que exista uma nova tendência. Nas eleições de 1994 a 2002, o presidente eleito teve uma vitória por larga margem em praticamente todas as partes do país.

No complicado sistema eleitoral dos Estados Unidos, nem sempre o líder no número de votos no país vence a eleição. Lá, tanto faz ganhar em um Estado com quase 80% dos votos, como Dilma Rousseff conseguiu no Maranhão, ou com 53%, como Aécio Neves obteve no Rio Grande do Sul.

A vitória em um Estado específico na eleição norte-americana tem uma importância muito maior do que no Brasil, onde vence quem obter maioria simples.

A eleição é definida com base nos 538 delegados do colégio eleitoral que representam os Estados de maneira proporcional à população. Nova York, por exemplo, um dos mais populosos, tem 29 delegados. Havaí e Alasca, pouco habitados, apenas três. O vencedor em um Estado recebe os votos de todos os delegados daquele Estado.

Para se eleger, é preciso vencer em um número de Estados suficiente para conseguir 270 delegados. Lá, os candidatos costumam praticamente abrir mão de fazer campanha em Estados onde o eleitorado sempre se posiciona para um dos lados. É como se Dilma ignorasse a campanha em São Paulo, reduto tucano, e se concentrasse em Estados “pêndulos”, que oscilam entre os dois partidos.

No Brasil, Estados que variaram de lado nas últimas três campanhas foram Goiás, Acre, Rondônia e Espírito Santo, além do DF.

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Divisão dos Estados pró-Dilma (vermelho) e Aécio (azul) em 2014 // Reprodução/Folha

E como seria o resultado da eleição se o Brasil tivesse um sistema parecido?

Pelo menos nas três últimas eleições, nada mudaria. Neste ano, a disputa continuaria apertada, mas com Dilma Rousseff reeleita. O peso eleitoral conquistado pelos tucanos em São Paulo, onde está um quarto da população do Brasil, é compensado pelas vitórias petistas em três dos cinco maiores colégios eleitorais do país: Minas, Rio e Bahia.

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