‘Deu branco, e Deus mostrou o 45’, diz eleitora ‘levada’ a votar em Aécio

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PATRÍCIA BRITTO, EM NOVA PORTEIRINHA

Domingo, 5 de outubro de 2014. A dona de casa, costureira e trabalhadora rural Lenir Pereira Costa, de 55 anos, saiu do seu sítio em Nova Porteirinha, cidade do norte mineiro a 558 km de Belo Horizonte. Foi votar.

Levou na bolsa uma “cola” para não se esquecer dos números de seus candidatos, entre eles a ex-senadora Marina Silva (PSB), para quem havia pedido votos a amigos e vizinhos.

“Só que na hora lá, me deu um branco assim, você está entendendo? Eu sou evangélica. Na hora, Deus me mostrou o 45, e eu fui no 45. Nem pensava em votar em Aécio, ia votar em Marina”, relatou ao blog.

A trabalhadora rural Lenir Pereira Costa, de 55 anos, em seu sítio, em Nova Porteirinha (MG) - Foto de Patrícia Britto/Folhapress
A trabalhadora rural Lenir Pereira Costa, de 55 anos, em seu sítio, em Nova Porteirinha (MG) – Foto de Patrícia Britto/Folhapress

Quando contou a decisão ao marido e amigos, eles não acreditaram: “Eles olharam pra mim e disseram: Lenir, você é doida? Tá fraca das ideias? Tem problema de cabeça?”

Mas ela nem se incomodou. Respondeu que pediu a Deus que lhe mostrasse “a pessoa certa”. “E Deus me mostrou foi ele.”

Eleitor de Dilma, o marido Hideilson Costa havia feito uma última tentativa de conquistar o voto da mulher. “Ele tem 47 anos e nunca teve condições de ter uma moto. No governo da Dilma, conseguiu. Então no dia da eleição, ele falou comigo: Vai, menina, vota pra Dilma”.

O casal Lenir e Hideilson vive da venda de banana, abóbora e alface, que plantam no sítio de dois hectares na comunidade de Paraguaçu, área rural de Nova Porteirinha.

Nova Porteirinha, município no norte de Minas Gerais - Foto de Patrícia Britto/Folhapress
Nova Porteirinha, município no norte de Minas Gerais – Foto de Patrícia Britto/Folhapress

Há 10 anos, uma tragédia tirou precocemente a vida de seus quatro filhos: três mulheres morreram em um acidente de carro, e um rapaz foi assassinado. “Iam matar o amigo dele, mas, como não encontraram, sobrou pro meu filho.”

Apesar da tragédia, ela diz que a vida família melhorou com o governo Lula e que não tem do que se queixar do governo Dilma.

“Antigamente nós não podíamos comprar uma bicicleta, hoje nós podemos. Não podíamos comprar uma televisão, hoje nós podemos. Quem não tinha casa, hoje tem a casa. Isso aí a gente tem que valorizar. Agora a gente não sabe se o Aécio vai fazer as mesmas coisas que Dilma está fazendo.”

Hoje Lenir demonstra preocupação caso Aécio seja eleito, mas garante que não se arrepende do voto. “Moça, moça, Dilma é a mãe da pobreza. Agora ninguém sabe se Aécio vai ser desse jeito, meu Deus.”

A menos de uma semana do segundo turno, Lenir admite ainda estar indecisa e diz que vai esperar o último debate entre os presidenciáveis para decidir quem ganhará seu voto. A menos que Deus lhe mostre um caminho diferente, pondera.

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