No Paraná, tribunal eleitoral vira ‘salão de festas’ de partidos

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ESTELITA HASS CARAZZAI, DE CURITIBA

Já virou tradição no Paraná: toda eleição, logo após o encerramento da votação, o ponto de encontro de militantes, jornalistas, cabos eleitorais e, claro, políticos vitoriosos é a sede do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Não há entrevistas coletivas nas sedes de partidos, nem plantões em frente à casa do governador ou prefeito eleito, como em outros Estados.

Quem quer comemorar a vitória vai mesmo à sede do órgão, no distante bairro Parolin, onde esperam dezenas de militantes e cabos eleitorais com bandeiras, fogos de artifício, cornetas e todo tipo de acessório para torcer pelo resultado –e provocar o grupo adversário.

Quatro telões mostram as parciais da apuração, num grande saguão aberto ao público. É lá que se aglomeram os militantes e cabos e onde também ficam os estúdios de rádios e TVs de todo o Estado, que transmitem ao vivo os resultados e entrevistam os vitoriosos na sequência.

No último domingo (5), cerca de 500 pessoas lotavam o local.

A cada parcial exibida no telão, ouviam-se gritos. “Vai, Beto!”, ou “É segundo turno, Requião!”, diziam os cabos eleitorais. Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (PMDB) concorriam ao governo do Estado.

Uma das maiores torcidas fica em frente ao telão dos resultados para a Assembleia e a Câmara dos Deputados, cargos para os quais normalmente não há pesquisas de intenção de voto. A expectativa, assim, é maior.

“Atualiza, TRE! Ô, ô, ô, ô…”, gritavam os militantes sempre que ficavam mais de dez minutos sem novas parciais.

Conforme o resultado vai se consolidando, a militância derrotada deixa o local –até para evitar brigas, já que a provocação dos vitoriosos aumenta.

“Taca-lhe pau, Beto! É o Requião descendo a ladeira para a derrota”, gritava um sindicalista na noite de domingo, quando se confirmou a vitória do tucano Richa no primeiro turno. “Vai-te embora, Gleisi demagoga!”

A tradição no Paraná se manteve mesmo com a informatização e a divulgação em tempo real dos resultados pela internet. A sede do TRE é quase uma parada obrigatória.

Tanto é que, pouco tempo depois da confirmação da vitória de Richa, o tucano chegou ao local.

“Meu deus, é uma avalanche!”, exclamou uma jornalista ao ver o governador reeleito se aproximar da imprensa, com dezenas de seguranças, fotógrafos e cabos eleitorais ao seu redor.

A “avalanche” tomou conta do saguão. Richa passou quase uma hora dando entrevistas, indo de estúdio a estúdio, montados lado a lado no TRE.

Os candidatos derrotados não foram ao local –nesse caso, também uma questão de tradição.

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