Pai de detido em protesto contra a falta d’água desabafa: ‘Errou, pagou’

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LUCAS SAMPAIO, EM ITU

“Não sabem o que é manifestação, o que é protestar. Reivindicar não é baderna”, afirma, na delegacia de Itu (SP), Leandro Gonçalves de Oliveira, pai de Mateus, detido no protesto que terminou com a depredação da Câmara Municipal nesta segunda-feira (22).

“Não foi isso o que eu ensinei para ele”, repetia o pai.

“É claro que é culpado. Tem de ficar tudo preso, uns três ou quatro dias pelo menos, e depois voltar pra consertar a Câmara”, afirmou, quando questionado sobre o filho ter participado da depredação.

“Errou, pagou.”

O pai não quis deixar o filho falar com a Folha. “Melhor não. Senão vai querer aparecer, achar que é bonito fazer isso.”

Além do rapaz, com piercing no rosto, roupas escuras e cabelo com franja e gel, outras seis pessoas foram detidas –sendo três com menos de 18 anos.

A mãe de Mateus também não concordava com pedras, ovos e tomates que foram arremessados contra a Câmara.

“Não souberam protestar. A causa é nobre, mas democracia não é isso. Não é quebrando que vai resolver. Só piora”, disse Fernanda Moreira, 40.

“Foi vergonhoso o que fizeram com o doutor Bastos [Marco Aurélio Bastos, presidente da Câmara, que levou uma ovada]”, afirma a gerente de vendas, que sentou-se longe do ex-marido na recepção da delegacia.

“Ele [vereador] é uma autoridade escolhida pelo povo.”

Outros manifestantes diziam que haviam sido presos por engano.

“Fui preso porque estava olhando o protesto”, diz Tomás Bedaque, 21, vendedor autônomo que encerrou o expediente mais cedo e afirma ter ficado de longe acompanhando a manifestação.

“Quando terminou e eu fui buscar minha moto, me prenderam no caminho. Isso é uma palhaçada.”

“Estava indo para casa, atravessando a rua, e me pegaram. Não conheço nenhum dos outros”, diz Tiago Aparecido Pedroso da Silva. “Tem um monte de gente errada e eles prendem qualquer inocente só para culpar.”

Antônio Cláudio Arruda Campos, tio e advogado de um dos adolescentes detidos, diz confiar no sobrinho.

“Ele falou que esta no meio, mas não fez nada. Tenho de acreditar.”

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