Seis curiosidades na pesquisa Datafolha no Paraná
ESTELITA HASS CARAZZAI, DE CURITIBA
Alguns detalhes do último Datafolha no Paraná, divulgado nesta quarta-feira (10), ajudam a entender o crescimento do atual governador Beto Richa (PSDB) na disputa pelo governo estadual.
O tucano tem agora 44% das intenções de voto, contra 28% de Roberto Requião (PMDB), que, até agosto, dividia a liderança em empate técnico com o atual governador.
Desde lá, Richa ampliou a vantagem sobre o adversário de 6 para 16 pontos.
Em terceiro lugar, permanece a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), com 10% (praticamente o mesmo índice da pesquisa passada, quando marcou 11%).
Além da influência do horário eleitoral, em que Richa tem mais que o dobro de tempo dos adversários (8min42s, contra 4min de Gleisi e quase 3min de Requião), pesaram também outros fatores, que o blog detalha abaixo:
1) Rejeição de Richa diminuiu
No Datafolha de agosto, um dos detalhes que mais chamou a atenção foi a alta rejeição ao tucano. Pela margem de erro, era praticamente igual à de Requião: 23%, contra 27% do peemedebista –algo notável, já que Requião tem uma rejeição histórica, e Richa, por outro lado, entrou no cargo com uma aprovação recorde na Prefeitura de Curitiba (que comandou entre 2005 e 2010).
De lá para cá, a percepção do eleitor mudou: a rejeição a Richa caiu de 23% para 16%, o que ajuda a explicar sua escalada. Não é de se desconsiderar o efeito do horário eleitoral neste aspecto, já que Richa tem uma campanha milionária e uma produção de TV esmerada.
2) Pequenos municípios mudaram seu voto
O grande trunfo de Requião, até o Datafolha anterior, estava nos pequenos municípios. Ex-governador por três mandatos, político experiente, conhecido por quase a totalidade da população, o peemedebista marcava 39% nas cidades com menos de 50 mil habitantes (Richa tinha 34%). Agora, o tucano pulou para 41%, contra 32% de Requião.
Visitas ao interior e o trabalho dos candidatos a deputado da chapa tucana, que tem 17 partidos, ajudam a explicar o desempenho. “Temos um exército nas ruas”, costumam dizer os coordenadores de Richa, sobre os candidatos da coligação.
3) Vantagem entre os mais instruídos
A maior arrancada do atual governador na pesquisa foi entre os mais instruídos. Entre os eleitores com ensino superior completo, Richa passou de 34% para 48% das intenções de voto (14 pontos percentuais a mais), tirando a liderança de Requião no grupo, que agora tem 27% (tinha 39% na última pesquisa).
4) Ataque ao “calcanhar de Aquiles” tucano
Na capital paranaense, Richa tinha um de seus piores desempenhos na pesquisa de agosto. Estava atrás de Requião, por 37% a 30%.
Vale lembrar que os tucanos perderam o comando da Prefeitura de Curitiba na eleição passada, após 24 anos de hegemonia.
Algo na atual campanha, porém, conseguiu neutralizar a resistência ao ex-prefeito: Richa assumiu a liderança na região com 39%, contra 28% de Requião. Gleisi recuou: de 15% para 9%.
5) Mais ricos mudaram de Requião para Gleisi
Isso ajuda a explicar a queda de Requião.
Entre os eleitores com a maior renda (mais de dez salários mínimos), Richa manteve a liderança (oscilou de 45% para 47%), mas chama a atenção a derrocada de Requião e o crescimento de Gleisi.
A petista tinha míseros 2% dos votos neste segmento e passou a 15%. Tirou os votos de Requião, que caiu de 37% para 26%. Foi a maior queda do peemedebista entre os segmentos pesquisados.
6) Dilma não puxa votos para Gleisi
Com 32% das intenções de voto para a Presidência no Paraná, Dilma Rousseff (PT) não parece estar puxando votos para Gleisi, que só tem 10%.
Os paranaenses que declaram voto em Dilma dividem sua preferência na disputa local entre Richa (38%) e Requião (32%).
Gleisi tem apenas 17% neste grupo. Não à toa, a campanha da candidata a governadora quer colar sua imagem à da presidente.
Dilma começou a aparecer no programa de TV de Gleisi nesta semana, e cartazes com ela ao lado da atual senadora foram espalhados pelo interior do Estado.
* A pesquisa foi feita entre os dias 8 e 9 de setembro e ouviu 1.201 pessoas em 46 municípios do Paraná. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-00584/2014.
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