Curitiba inaugura ‘praça de bolso’ construída pela população
Fica numa esquina do centro, espremida entre dois prédios e uma via para ônibus, a mais nova praça de Curitiba: chama-se “Praça de Bolso do Ciclista”.
É de bolso porque é pequenininha: o terreno tem 120 m2.
Mais que o nome, a praça também é diferente no conceito: ela foi proposta por uma associação de ciclistas, que teve a ideia de aproveitar um terreno público que estava abandonado. Com o aval da prefeitura, eles construíram a praça em mutirão, com a ajuda de voluntários.
O projeto básico foi autorizado pela prefeitura, que instalou as luminárias públicas, fez a terraplenagem e cedeu alguns materiais, que já estavam disponíveis nos depósitos do município.
O resto ficou por conta dos ciclistas.
“Se nós entrássemos nos processos tradicionais de licitação, a praça sairia só no ano que vem. Foi aí que a gente propôs: e se fizéssemos em mutirão?”, conta o arquiteto Gabriel Gallarza, 35, integrante da Cicloiguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu) e um dos responsáveis pelo projeto. “Aí é que está a novidade.”
A parceria entre o poder público e a comunidade, com apoio da iniciativa privada (uma construtora também cedeu materiais e o prédio vizinho acomodou as ferramentas), é exaltada pelos participantes.
“É uma nova forma de gestão da cidade. Eles estão se abrindo para novas possibilidades, novas relações com a população. Sou crítico, mas estou otimista”, diz Gallarza.
Para Miranda, projetos como esse mudam a relação da população com a cidade. “Quando o cidadão participa, ele fala: ‘Olha, isso aqui fui eu que construí. Tem meu dedo aqui’. Ele se sente partícipe, integrado e passa a ter um zelo maior pelo que é público.”
No próximo fim de semana, o grupo realiza o último dos 17 mutirões que foram necessários para terminar o projeto. Vão faltar alguns acabamentos, que serão completados até o dia 22 de setembro –Dia Mundial sem Carro e inauguração oficial da praça.
O objetivo é que a praça funcione como um ponto de encontro dos ciclistas, com paraciclos e pontos para recarregar bicicletas elétricas.
Os ciclistas querem transformar o lugar também em um espaço cultural: já programaram projeções de vídeo na parede do prédio anexo, montaram um pequeno palco para shows e abriram espaço para uma galeria de arte urbana, onde serão feitos grafites.
“As pessoas estão super a fim disso, de ocupar o espaço público. Se você dá a oportunidade, muita gente aparece”, diz Gallarza.
A ideia e a esperança da prefeitura é que o projeto se multiplique em outros bairros. “Podemos ter a praça de bolso do skate, a praça das senhorinhas do tricô… Qualquer coisa que faça sentido para a comunidade”, diz Miranda.