No Paraná, candidatos líderes se igualam em rejeição

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ESTELITA HASS CARAZZAI, DE CURITIBA

Eleito como um dos políticos mais bem avaliados do país em 2010, o governador Beto Richa (PSDB) chega ao final do mandato no Paraná com rejeição de 23%, quase igual à de seu concorrente Roberto Requião (PMDB), com 27%.

Pela margem de erro, de três pontos percentuais, os índices se igualam. Os dados são do Datafolha, em levantamento realizado nesta semana.

A mesma pesquisa mostrou empate técnico entre os dois candidatos: Richa tem 39% das intenções de voto, contra 33% de Requião. A ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) aparece em terceiro lugar, com 11%.

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O governador Beto Richa (PSDB) e o senador Roberto Requião (PMDB), candidatos ao governo do Paraná, no Congresso em 2013 – Fotos: Pedro Ladeira/Folhapress

Requião, 73, tem um histórico e elevado índice de rejeição. Ex-governador por três mandatos, é conhecido pela contundência e por opiniões quase inegociáveis. “Ou você o ama, ou odeia”, costumam dizer os paranaenses.

Richa, por outro lado, era o prefeito mais bem avaliado do país, em Curitiba, quando deixou o cargo para ser candidato ao governo, em 2010. Jovem, foi eleito aos 45 anos como promessa política e com a proposta de fazer um “choque de gestão”, seguindo os passos do ex-governador mineiro e hoje presidenciável Aécio Neves (PSDB).

O tucano, porém, enfrentou problemas financeiros no governo que o impediram de realizar promessas de campanha. Atrasou pagamentos a fornecedores e teve que paralisar obras. Hoje, é acusado de ser mau gestor e enfrenta a insatisfação de algumas categorias importantes, como os professores.

“Quando o Beto entrou como ‘o melhor prefeito do país’, a expectativa em relação a ele era muito alta. Houve um desgaste dessa imagem”, afirma o especialista em marketing político Achiles Batista Junior, que também é professor no Centro Universitário Uninter.

No campo político, Richa fez alianças que também comprometeram sua imagem. Abriu mão de líderes do PSDB como o ex-deputado Gustavo Fruet. Nas últimas eleições municipais, seu grupo político perdeu a Prefeitura de Curitiba, que comandava havia mais de 20 anos, justamente para Fruet, hoje no PDT.

“O Beto desmontou o PSDB em prol de aliados. Mas a sua aliança é muito mais frágil do que parece”, diz o cientista político Ricardo Oliveira, professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Segundo ele, Richa dependia muito de uma “relação fisiológica com o PMDB” –que, dividido quanto ao futuro do governo tucano, decidiu lançar Requião ao governo na convenção de junho.

Hoje, quem vota no Requião é justamente quem rejeita a gestão de Beto. Segundo o Datafolha, 56% dos que reprovam a gestão do tucano escolheram Requião como candidato.

Ou seja, sua rejeição ajuda a explicar o crescimento de outro candidato tão rejeitado quanto. “As pessoas querem se livrar do Beto, e aí vem o Requião como o menos pior e o com mais chances de ganhar”, afirma Oliveira.

O Datafolha ouviu 1.226 eleitores entre terça (12) e quinta-feira (14). A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob o número PR-00014/2014.

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