Moradores tentam salvar últimas ‘árvores-símbolo’ em cidade paulista

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JULIANA COISSI, DE SÃO PAULO

Em julho, moradores de Presidente Prudente (a 558 km de São Paulo) choraram pelas árvores derrubadas –mais precisamente, por duas fileiras com 30 exemplares de fícus. Os galhos, ao se encontrarem e se fecharem nas copas, formavam uma espécie de túnel natural.

O cenário, que atraía fotógrafos e estampou álbuns de casamento, também foi escolhido como a melhor fotografia do mês de abril em um concurso mensal promovido pelo site da revista “National Geographic Brasil”.

No dia 13 de julho, os fícus foram cortados para dar espaço a um condomínio residencial. A poda, que tinha autorização legal, gerou protesto nas redes sociais.

Para evitar que a natureza sofra novas baixas, árvores que são emblemáticas para a história da cidade estão sendo escolhidas para que possam ser denominadas patrimônio de Presidente Prudente. Assim, elas ficariam imunes ao corte.

A Promotoria do Meio Ambiente já selecionou seis árvores, sugeridas pelos moradores. São exemplares com importância não só estética mas também afetiva para os prudentinos. Desde o fim de julho, 22 fotos já foram enviadas pelos moradores ao e-mail criado pela Promotoria.

“Há exemplares que eu nem sabia que existia no município. Algumas são árvores centenárias”, afirma o promotor André Luis Felício. O critério adotado pelo órgão foi o de buscar a preservação de árvores pelos aspectos histórico e paisagístico.

Entre as seis selecionadas, estão três árvores de tronco frondoso, que aparentam ser figueiras. Elas estão localizadas no parque do Povo (maior parque linear do município), em uma praça da Vila Marcondes e no parque de Uso Múltiplo.

A Promotoria ainda irá verificar o tipo exato e a idade dos exemplares. O e-mail segue aberto a novas sugestões. Segundo o promotor, proibir a poda das “árvores-símbolo” da cidade será possível porque tanto a lei municipal como o Código Florestal apontam mecanismos para declarar alguns exemplares como “imunes ao corte”.

POLÊMICA

A preservação de outra árvore escolhida, entre as sugestões de moradores, promete gerar polêmica entre alguns religiosos. Trata-se de uma figueira, considerada centenária, no residencial Jardim São Paulo.

Toda Sexta-Feira Santa um grupo de fieis finca pregos no tronco da árvore. Há centenas de marcas de perfurações. O rito é cumprido como forma de agradecimento e para pedir a cura de doentes. Mas, para o Ministério Público, a prática religiosa caracteriza dano ambiental.

Além de pedir a imunidade ao corte, o órgão vai solicitar à prefeitura que instale gradil ou tela para evitar o contato das pessoas com a árvore. Contrários ao ritual, um grupo de jovens arrancou em abril os pregos cravados no tronco.

O morador ou visitante que se encantou por alguma árvore de Prudente e quiser mantê-la viva pode tirar uma foto do exemplar e enviar a imagem para ajudeanatureza@outlook.com.

 

 

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