Cavaleiros celebram Idade Média em festival no Rio Grande do Sul
PAULA SPERB, DE SÃO PAULO
Com a bênção dos deuses nórdicos, cerca de 300 cavaleiros e camponesas devidamente paramentados se encontraram no Rio Grande do Sul para festejar as heranças culturais da Idade Média.
Os participantes do “Epic! Medieval Festival 2”, ocorrido em Charqueadas (a 39 km de Porto Alegre) no sábado (2), exibiam escudos, túnicas ou vestidos. O figurino deveria ser o mais fiel possível ao período que se estendeu do século 5 ao 15, e, para isso, a maioria teve de recorrer ao “faça você mesmo” –devido à dificuldade de encontrar os artigos em lojas de fantasias.
O jornalista Andriolli Costa, 24, acabou comprando sua túnica vermelha por R$ 65 da própria organização do evento. Depois incrementou o visual com uma bolsa de couro para “esconder” a máquina fotográfica –afinal, o objeto destoaria completamente de uma época em que não havia nem luz elétrica.
A maioria dos participantes admira o que a já chamada Idade das Trevas trouxe de inspiração para a literatura, o cinema e os jogos. A fantasia, diz o jornalista, “desconstrói um pouco a realidade da época”, que, na opinião de Costa, “era um horror, um período de doenças”.
Quem pensa que tudo isso é “coisa de nerd” tem razão. “Eu sou o estereótipo nerd. Desde o ensino médio eu lia livros de fantasia e jogava RPG [Role Playing Game]. Na cultura nerd, a Idade Média é muito valorizada”, diz Costa, que é natural de Campo Grande (MS), mora no RS há um ano e decidiu ir ao evento para fazer amigos.
O RPG é um jogo no qual os participantes interpretam personagens. Muitos dos RPGs exploram personagens mitológicos e medievais.
A desculpa para festejar tomando hidromel (vinho feito de mel, explicação desnecessária para os fãs da saga “O Senhor dos Anéis”, de J R. R. Tolkien) foi um casamento interétnico entre vikings e saxões.
A comida era livre, mas tinha de ser consumida sem talheres, com direito a encharcar a barba de sopa. A celebração contou com fogueira, previsão do futuro por meio de runas e torneios, muitos torneios. Para estimular a interatividade, atores e convidados interpretaram personagens como rei e bobo da corte.
Nas provas de arqueria, arremesso de machado, lançamento de dardos e corrida do tronco, o que valia mesmo era a participação. Teve até arremesso de gnomo –um pedaço de lenha grande, na verdade.
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