Jovens arriscam a vida em ‘surfe ferroviário’ em Fortaleza

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ANDRÉ UZÊDA, DE FORTALEZA

A cena já se tornou habitual em Fortaleza: trens de carga cruzam trechos da cidade com crianças e adolescentes “surfando” no alto das composições, entre os vagões do maquinário.

Aos berros, eles caminham e pulam entre os vãos, ignorando riscos. Moradores contam que às vezes os maquinistas chegam a interromper o trajeto, forçando os adolescentes a descer, mas a prática, cantada desde 1990 por Jorge Benjor em W/Brasil (Chama o Síndico), continua –e já vitimou ao menos dois adeptos.

Já vi alguns [maquinistas] ameaçando até chamar a polícia. O problema é que não tem vigilância e eles sempre sobem de novo”, diz o aposentado Gean Maria, 56. “Eles fazem isso de molecagem. Não estão indo para lugar nenhum lugar da cidade. Ficam gritando e desafiando a vida”, completa.

O blog flagrou o arriscado “surfe ferroviário” por duas vezes nos últimos meses, em diferentes dias da semana e horários: numa terça-feira (24 de junho), por volta das 15h, e numa quinta (10 de julho), ao meio-dia.

Os dois flagrantes ocorreram no mesmo trecho da cidade: a Via Expressa, no bairro do Papicu. Coincidentemente, neste mesmo local, no dia 8 de julho, um jovem de 14 anos morreu ao tentar pular de um vagão para outro. Ele se desequilibrou e caiu embaixo do maquinário.

Em março deste ano, outro adolescente, de 12 anos, morreu no bairro do Montese também após cair de um dos vagões onde estava.

A Polícia Militar diz que tem tentado coibir a ação dos adolescentes, mas reconhece que a tarefa é difícil –segundo a corporação, por causa da existência de muitas casas às margens da linha férrea.

Os trens de carga de Fortaleza são de responsabilidade da empresa Transnordestina Logística, que administra a malha ferroviária do Nordeste. O blog procurou a empresa para falar sobre o problema, mas não conseguiu contato.

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