Família de origem alemã mantém cidade em miniatura há 30 anos
PAULA SPERB, DE SÃO PAULO
Em um certo município de 2.186 habitantes, tudo é 24 vezes menor do que a realidade. A “cidade” em questão fica no Mini Mundo, em Gramado (serra gaúcha), que abriga mais de 200 réplicas diminutas, da igreja de São Francisco de Assis ao metrô de Hamburgo.
A arquitetura germânica é dominante, e não é por acaso. A origem do parque remonta a 1979, ano em que o imigrante alemão Otto Höppner construiu uma casa de bonecas para a neta Adriana, com três anos na época. Meses depois, o neto Guilherme, com seis anos, ganhou uma miniferrovia de 1 metro e 30 centímetros.
Tanto a casa de bonecas como a ferrovia podem ser vistas no parque. Mas o número de trilhos aumentou. Na escala 1:24, a ferrovia tem o equivalente a 11 quilômetros, e percorre cinco circuitos.
A família continua administrando o parque 30 anos depois da inauguração oficial e inspirou a criação dos personagens que circulam animando –e às vezes assustando– os visitantes: ursinho Gui, ursinha Ana, Limpador de Chaminés e a bruxinha Ju.
Cerca de 30 funcionários trabalham na bilheteria, na loja e no café que funcionam no local. Mas “os segredos”, como diz a diretora Jussara Höpner, 66, ficam guardados na oficina, onde todas as réplicas são construídas pela própria equipe. “São 30 anos de erros, acertos, viagens, correria atrás de materiais”, conta Jussara, sem revelar como é feita a fumaça que sai constantemente do vulcão dos Andes.
Segundo a diretora, muito dos detalhes e das histórias criadas no parque são ideias coletivas. “Damos espaço para os funcionários criarem também. Eles não só vivem daquilo, mas vivem aquilo”, diz.
No início de julho, presenciei um “minitumulto” em frente ao Museu do Ipiranga (veja foto na galeria). A explicação para tantos mini-habitantes reunidos em frente ao edifício paulista foi registrada no Jornal do Mini Mundo: o vento balançou o guindaste onde estava o servente Juca Limpeza, que foi socorrido pelo limpador de chaminés Zaqueu com ajuda dos bombeiros.
A minicidade também tem fofocas. Tonhão, o mecânico, decidiu trocar a placa de “Ofisina Mecânica”, que tem erro de ortografia, para evitar mais comentários maldosos.
Como muitos brasileiros, os mini-habitantes acompanharam a Copa. Mais de 60 minitorcedores –muitos com camisetas da seleção e bandeiras em punho– ocuparam o espaço montado para ver as partidas no telão (ou telinha?) instalado em uma espécie de Fan Fest próxima da Usina do Gasômetro. Um ônibus especial transportou a torcida.
Com o fim do Mundial, o clima é de festa junina no Mini Mundo, com bandeirinhas decorando as casas, coretos e igrejinhas.