Uma solução para vencer os morros de Fernando de Noronha
DANIEL CARVALHO, EM FERNANDO DE NORONHA (PE)
Se as ladeiras eram desculpa para não conhecer Fernando de Noronha ou ir e ficar na pousada, é bom começar a procurar outra.
Turistas e ilhéus estrearam neste mês 20 bicicletas com motor que dão uma forcinha na hora em que as pernas fraquejam diante dos morros. Para não poluir, as bikes são elétricas.
As bicicletas foram doadas ao governo de Pernambuco por uma montadora que deve ceder outras 30 unidades até o fim do ano. Têm 25,5 kg, velocidade máxima de 25 km/h e autonomia de 60 km.
As bikes estão disponíveis nas praias do Boldró, de Sueste e do Sancho. O aluguel das 8h às 18h custa R$ 25. Quem mora na ilha tem 30% de desconto.
A intenção é que elas possam ser utilizadas por períodos mais curtos e por custo mais baixo, como ocorre em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, onde as bicicletas são compartilhadas via aplicativo de celular.
Noronha, no entanto, esbarra em um problema: não há internet 3G na ilha. Ou seja: usar aplicativo na rua, nem pensar.
Apesar do apelo ecológico das bikes que não poluem por serem elétricas, elas ainda serão carregadas com a energia “suja” produzida na ilha pela queima de óleo diesel. Hoje apenas 4% da energia de Fernando de Noronha são gerados pelo sol.
O governo de Pernambuco diz que os postos de locação das bicicletas devem receber placas para captar energia solar somente em 2015.
CARBONO NEUTRO
No final do ano passado, o governo de PE lançou o programa “Noronha Carbono Zero” — agora rebatizado de “Noronha Carbono Neutro” — com a intenção de neutralizar em Fernando de Noronha a emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Os três principais fatores de poluição na ilha são o transporte aéreo, a produção de energia elétrica e o transporte terrestre, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Além das bicicletas, o governo estadual pretende ampliar de um para cinco a frota de carros elétricos utilizados pela administração da ilha.
Na semana passada, a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco) inaugurou a primeira usina solar de Fernando de Noronha, deixando de queimar 200 mil litros de diesel por ano. Uma segunda usina está prevista para 2015.
Já o governo de Pernambuco e a iniciativa privada preveem instalar na ilha cinco geradores de energia eólica em uma usina de compostagem e em prédios públicos até outubro deste ano, segundo a administração de Fernando de Noronha. Esses equipamentos devem gerar até 104,5 KWh/ano.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Cavalcanti, diz estar em negociações avançadas com a Gol, companhia aérea que opera um dos três voos diários que chegam à ilha, passe a usar bioquerosene nos deslocamentos para Noronha. Esse combustível é menos poluente que o querosene utilizado hoje.
O repórter Daniel Carvalho viajou a convite da Celpe
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