Assédio a turistas em Salvador inclui colar, fita, pulseira e até ingressos
AGUIRRE TALENTO, EM SALVADOR
O gringo entra no acesso ao Farol da Barra, em Salvador, e é imediatamente recepcionado pelos vendedores de lembrancinhas, principalmente artesanato, que lhe oferecem uma tradicional fita do Senhor do Bonfim.
“Um regalito”, oferece com insistência o vendedor. Após recusar por três vezes, o turista cede e deixa a fita ser amarrada. Depois disso, o vendedor tenta convencê-lo a comprar o artesanato, por preços que podem variar de R$ 10 a R$ 50. Agora o convencimento começa a ficar mais difícil.
A cena, presenciada pela Folha diversas vezes na manhã desta quinta-feira (19), é recorrente no Farol da Barra nesse período de Copa: com crescimento do fluxo de turistas no local por causa da Copa, os vendedores disputam no gogó para ganhar uns trocados.
E arriscam o portunhol para oferecer os produtos. “Essas coisas ‘hacemos en’ favela para vender aqui”, diz um dos vendedores a um estrangeiro.
Mas, já acostumados à insistência, vários passam direto até o farol, onde funciona um museu náutico, e não dão bola aos vendedores de “regalitos”, que não desistem: “Na volta você ‘mira’ [olha].”
O preço dos produtos vai diminuindo à medida que o potencial comprador o recusa. Para o alemão Karl Hansen, 27, um colar artesanal começou a R$ 60 e terminou sendo vendido a R$ 10.
“Comprei o colar e depois vieram oferecer mais um monte de coisa”, conta. Seu amigo Peter Larsson, 35, brinca: “Estamos aqui sentados há uma hora e nesse tempo vieram uns 40 caras oferecer coisas”.
Entre as opções estão os colares e pulseiras artesanais, bonés e camisas do Brasil, bolas de futebol infantis, algodão doce, picolé e até dois ingressos para o próximo jogo em Salvador, França contra Suíça, na sexta-feira (19), que um dos vendedores de artesanato também oferecia aos turistas.
“Olha, tengo dois bilhetes para amanhã”, dizia.
Abordados pela reportagem, os vendedores falam pouco e se limitam a dizer que o movimento aumentou com a Copa. Logo se afastam tentando oferecer os produtos para potenciais compradores. “E aí, mon ami [meu amigo], levar uma lembrança do Brasil?”, afirmou um deles a um grupo de franceses.
A oferta aos franceses foi “sombrero [chapéu] do Brasil”. “Da França não tem?”, rebateu um dos franceses arriscando um portunhol.
“A Copa é no Brasil. Tem que levar do Brasil”, respondeu o vendedor, dando a deixa para os gringos se afastarem: “Ah…”.