Figurinhas de craques da seleção pintadas na fachada de uma loja
PAULO PEIXOTO, DE BELO HORIZONTE
Sempre com o discurso de valorização da cultura popular, o estilista mineiro Ronaldo Fraga aproveitou a Copa no Brasil para resgatar a memória de uma “época afetuosa e romântica” do futebol, segundo ele.
Toda a fachada de sua loja na região da Savassi, em Belo Horizonte, está com figurinhas dos craques brasileiros do passado, desenhadas pelo próprio Fraga.
A referência aos jogadores do passado vão até a seleção da Copa de 1982, derrotada na Espanha. “Acho fascinante entender o Brasil pelo futebol, especialmente até os anos 50. O nosso melhor do futebol veio da capoeira”, diz o estilista, referindo-se à ginga.
Ele cita o fato de, na Copa de 1938, o Brasil ter sido uma das seleções mais comentadas, embora tenha ficado apenas na oitava colocação. Isso, segundo ele, mostra o quão interessante é a origem do nosso futebol.
A valorização do futebol arte e romântico começou para Ronaldo Fraga pelas histórias de seu pai, que foi goleiro no extinto time do Sete de Setembro, em BH, por volta dos anos de 1940 e 1950.
“Existia envolvimento e paixão. A questão financeira era segundo plano”, diz o estilista, que revela que a única coisa que o goleiro ganhou do Sete de Setembro foi a mobília de casamento.
Com o fim desse time, o goleiro Fraga, que também era ferroviário, se recusou a mudar para os clube rivais da época. Então abandonou o esporte.
A homenagem ao futebol do passado na fachada da loja é também uma valorização da Copa no Brasil, um “momento fascinante que o Brasil está passando” de poder receber esse evento mundial, disse o estilista.
“Mas um jogo de futebol tem que ter a importância de uma partida de futebol. Não tem que ter nada além disso, nada política e outras coisas”, completa.
As figurinhas da fachada da loja foram desenhadas para uma das edições do São Paulo Fashion Week do ano passado. Estão ali Bellini, Garrincha, Pelé, Tostão, Sócrates, Telê, Leônidas, Geraldino, Zito e, claro, o goleiro Fraga.