Corpo fechado na cultura brasileira

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EDUARDO SCOLESE, COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHA

Um “alerta” criado no Google Acadêmico me levou a “Corpo fechado e mandonismo sertanejo”, artigo que integra um trabalho maior encabeçado pela Comissão Mineira de Folclore.

O texto citado é assinado por Luís Carlos Mendes Santiago, estudioso de Pedra Azul, município mineiro do Vale do Jequitinhonha, colado à Bahia.

Ao longo de 34 páginas, ele apresenta relatos baseados numa rica bibliografia, com destaque para a importantíssima Maria Isaura Pereira de Queiroz (trabalhos incríveis sobre mandonismo e messianismo) e para Eul-soo Pang, um americano de origem coreana que percorreu os sertões décadas atrás para estudar as oligarquias e os coronéis da República Velha.

O texto de Santiago vale a leitura, primeiro porque leva o leitor a uma viagem pelo interior do país. Depois, claro, explica o que é “corpo fechado” na cultura brasileira.

É, segundo ele, “o dom da invulnerabilidade às armas de tiro, corte ou perfuração”, ou seja, o sujeito imune a ferimentos provocados tanto por armas brancas quanto de fogo.

Santiago “apresenta” as técnicas para fechar o corpo, como “carregar breves, patuás ou bolsas de mandingas”, e aponta alguns dos personagens brasileiros mais famosos por esse poder, como Horácio de Mattos (aquele coronel que perseguiu a Coluna Prestes a partir da Bahia) e Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Clique aqui, leia o artigo e descubra: qual personagem escapou vivo mesmo com um paletó perfurado de balas inimigas? Quem eram os “oficiais de caveira”? Qual personagem escapou vivo de uma emboscada de cinco jagunços, mesmo ferido a tiros no pescoço? E qual sujeito somente poderia ser morto com uma bala de ouro benzida por ele mesmo?

Reprodução da capa do trabalho da Comissão Mineira de Folclore
Reprodução da capa do trabalho da Comissão Mineira de Folclore