Brasil https://brasil.blogfolha.uol.com.br Histórias e personagens pelo país afora Thu, 28 Oct 2021 12:12:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ponte da Amizade terá 130 câmeras para monitorar tráfego entre Brasil e Paraguai https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/05/03/ponte-da-amizade-tera-130-cameras-para-monitorar-trafego-entre-brasil-e-paraguai/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/05/03/ponte-da-amizade-tera-130-cameras-para-monitorar-trafego-entre-brasil-e-paraguai/#respond Thu, 03 May 2018 12:00:27 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/ponte4-320x213.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3609  

POR MARCELO TOLEDO, EM FOZ DO IGUAÇU (PR)

A ponte da Amizade, principal e mais famosa ligação entre o Brasil e o Paraguai, receberá 130 câmeras para monitorar o tráfego de veículos e o fluxo de pedestres diário entre os dois países.

 

O projeto foi elaborado pela PF (Polícia Federal), custará cerca de R$ 2,5 milhões e será pago pela Itaipu Binacional.

A Ponte da Amizade sobre o rio Paraguai, que separa Foz do Iguaçu de Assunção. Ao fundo, do lado direito da foto, o NEPOM (Núcleo Especial de Polícia Marítima). Fotos: Bruno Santos/Folhapress

“Assinamos convênio com a participação da PF para financiar a colocação de câmeras em toda a ponte, para combater [o tráfico de] drogas e contrabando de cigarro”, afirmou Marcos Vitorio Stamm, diretor-geral brasileiro de Itaipu.

 

Não há previsão para a colocação em funcionamento de todo o sistema, já que o projeto depende de licitação.

 

A proposta prevê ainda que o sistema será operado pelos dois países e cada um terá controle dos dados que forem coletados em seu território.

 

A região da ponte da Amizade, embora já seja a fronteira mais vigiada do país, é também um local em que é possível encontrar pequenas embarcações cruzando o rio Paraná de uma margem a outra, além de laranjas que cruzam a ponte mais de dez vezes por dia com produtos contrabandeados.

 

Folha flagrou no último mês, por três dias seguidos, barcos fazendo a travessia ilegal entre os dois países ao amanhecer.

Eles fazem a travessia entre 5h30 e 7h, sempre no mesmo ponto, com desembarque em “portos” ilegais abertos às margens do rio Paraná e, dali, partem em veículos normalmente por estradas vicinais para evitar a fiscalização na BR-277, principal via de acesso a Foz.

 

De acordo com Stamm, o projeto é importante por envolver aspectos da segurança nacional e também da própria hidrelétrica.

 

Questionado pela Folha sobre ações de segurança adotadas no lago de Itaipu para coibir as travessias ilegais de barcos com produtos contrabandeados do Paraguai para o Brasil, Newton Kaminski, diretor de coordenação de Itaipu, afirmou que o local é um “grande desafio” em termos de vigilância devido à sua dimensão e que há acordos com órgãos de fiscalização para as ações de repressão.

 

“Temos 170 quilômetros em linha reta de Foz do Iguaçu a Guaíra [extensão do lago], mas são 1.400 quilômetros de margens do reservatório. Temos convênios com a PF, como uma base embaixo da ponte da Amizade. Também temos a Marinha como nossa parceira e, ao longo do reservatório, convênios com a polícia.”

 

Kaminski disse que as parcerias têm como objetivo evitar ou reduzir a entrada de contrabando no Brasil.

 

Na Ponte da Amizade, que conta com fiscalização da PF, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), da Receita Federal e da Força Nacional, há laranjas do contrabando que chegam a cruzar o espaço até 15 vezes por dia em troca de R$ 10 a R$ 20 por passagem.

 

Além do lago de Itaipu, quadrilhas de contrabandistas e de traficantes utilizam os cerca de 800 quilômetros de fronteira seca entre os dois países após o fim do lago, em Guaíra.

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‘Barco fantasma’, capacetes e índios aliciados: as táticas do contrabando para entrar no Brasil https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/27/barco-fantasma-capacetes-e-indios-aliciados-as-taticas-do-contrabando-para-entrar-no-brasil/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/27/barco-fantasma-capacetes-e-indios-aliciados-as-taticas-do-contrabando-para-entrar-no-brasil/#respond Wed, 27 Dec 2017 09:15:38 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3523 POR MARCELO TOLEDO, EM RIBEIRÃO PRETO

De um lado, um “barco fantasma” de uma quadrilha paraguaia navegava tranquilamente nas águas do lago de Itaipu quando foi surpreendido por agentes da PF (Polícia Federal). Um outro grupo de contrabandistas, dias antes, tentou romper o mesmo lago utilizando capacetes na potente lancha –novo escudo para se proteger de eventuais tiros disparados por policiais brasileiros.

Já uma terceira quadrilha conseguiu passar para o lado brasileiro graças à construção de um porto clandestino em Salto del Guairá, cidade do Paraguai que fica na fronteira com Guaíra, no Brasil.

As táticas utilizadas por contrabandistas para driblar a fiscalização na fronteira entre os dois países inclui, ainda, aliciamento de índios, armazenamento de produtos de origem ilegal em aldeias e a colocação de até três motores nas lanchas para ganhar velocidade nas águas.

Folha acompanhou fiscalização da PF na fronteira, flagrou a construção de um porto clandestino e, nos dois últimos meses, monitorou a ação de contrabandistas na fronteira a partir de ações da Marinha e da PF.

“É uma briga de gato e rato. Temos de ficar em cima, pois são muito rápidos para abrir locais para escoamento de contrabando”, afirmou o agente da PF Pablo Morales, que atua no Nepom (núcleo Especial de Polícia Marítima) de Guaíra.

Um dos problemas é que os agentes da PF que trabalham na fronteira são monitorados 24 horas por dia por espiões das mais de dez quadrilhas que atuam na região, como a Folha revelou.

Na madrugada de 23 de novembro, os agentes fizeram uma apreensão de cigarros estimada em R$ 400 mil -incluindo a embarcação-, mas quando chegaram ao local, em pleno lago de Itaipu, encontraram apenas um “barco fantasma”, sem nenhum contrabandista.

Os membros da organização criminosa, quando perceberam a fiscalização ainda distante, abandonaram o barco e fugiram na água.

Duas semanas depois, em 6 de dezembro, uma lancha de 5,5 m de comprimento, carregada com 50 caixas de cigarro e munições de armas calibre 12, foi apreendida após perseguição no rio Paraná, também na madrugada.

Militares da Marinha e agentes do Nepom perceberam a lancha em alta velocidade e iniciaram a busca. Quando a quadrilha percebeu que a fiscalização se aproximava, atirou caixas de cigarros na água, para dificultar a navegação.

Sem resultado, os contrabandistas se jogaram nas águas e abandonaram a lancha que, ainda em alta velocidade, bateu numa ilha existente no rio Paraná. Ela transportava 25 mil maços de cigarros paraguaios, num montante estimado em R$ 180 mil.

Já no dia 13, também homens da PF e da Marinha se envolveram numa operação que terminou com o abandono do potente barco pela quadrilha numa outra ilha. Na última quinta, mais três barcos foram apreendidos na região.

Os cigarros são o principal produto que as quadrilhas tentam infiltrar no mercado brasileiro, segundo Luciano Barros, presidente do Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteira).

“Ele gera um lucro enorme, tanto que 48% do mercado nacional é dominado por marcas ilegais, de origem paraguaia.”

O contrabando de cigarros é apontado ainda como forma de financiamento de atividades até mesmo de grupos terroristas, como o Hezbollah, conforme relatório do Foundation for the Defense of Democracies, instituto de políticas dos EUA.

COLEÇÃO

Na sede do Nepom em Guaíra, há mais de uma dezena de capacetes apreendidos com contrabandistas expostos numa cerca na região em que ficam guardados os barcos utilizados na fiscalização.

As embarcações apreendidas também ficam armazenadas no local, à espera de uma decisão judicial que definirá o destino dos barcos.
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Conheça a história da cachorrinha que viraria ‘churrasco’ e foi adotada na fronteira https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/11/14/conheca-a-historia-da-cachorrinha-que-viraria-churrasco-e-foi-adotada-na-fronteira/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/11/14/conheca-a-historia-da-cachorrinha-que-viraria-churrasco-e-foi-adotada-na-fronteira/#respond Tue, 14 Nov 2017 09:05:11 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3497 POR MARCELO TOLEDO, EM FOZ DO IGUAÇU (PR)

Era uma vez uma cachorrinha, de raça não definida, que vivia às margens do rio Paraná brincando com outros cães que habitavam o local, próximo à Ponte da Amizade, na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Certo dia, Mãezinha, o nome da personagem dessa história, foi capturada por usuários de crack que passaram a dividir o mesmo espaço com os animais. Pior que isso, ela viu cães que dividiam o espaço com ela serem mortos, desossados e servirem de prato principal em “churrascos” improvisados promovidos pelos usuários da droga.

Presa pelos novos moradores, Mãezinha possivelmente seria a próxima a ser morta, mas foi resgatada a tempo e escapou da morte.

Quando agentes da PF (Polícia Federal) chegaram ao local, encontraram a cachorrinha abatida, como se não se alimentasse havia uma semana, e em meio a um cenário composto por restos de ossos e carne de cães em espetos improvisados no chão. Ela tremia de medo e fome, segundo relatos dos policiais.

A vida de Mãezinha mudou quando agentes da PF foram a um antigo estaleiro, ao lado do local em que ela estava apreendida, para analisarem mudanças necessárias no espaço para abrigar uma base naval da corporação.

Mãezinha, adotada por agentes da PF na fronteira com o Paraguai – Crédito: Bruno Santos/Folhapress

Ao verem a cena, os agentes levaram alimento e água, a batizaram e a adotaram, de acordo com Celso Calori, 59, subchefe do Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima), da PF. O núcleo é responsável pela fiscalização do rio Paraná e do lago de Itaipu, para evitar a entrada de produtos contrabandeados em solo brasileiro.

“Hoje ela faz parte do nosso efetivo. Havia outros problemas quando a encontramos também, como o sumiço de patos e outros animais que habitavam uma chácara vizinha. Depois da chegada da base, o dono resolveu criar 700 galinhas no local”, disse Calori.

Além dos usuários de crack, animais também foram levados por contrabandistas paraguaios que chegavam à margem brasileira do rio para descarregar mercadorias.

NOVOS ARES

Inaugurada no final do ano passado, pouco após o resgate da cachorrinha, a base do Nepom fez com que todo o entorno fosse repaginado.

Pescadores, que eram alvos frequentes de tiros disparados por contrabandistas paraguaios –para assustá-los e fazerem com que deixassem o local para barcos com mercadorias atravessarem o rio–, voltaram a ficar às margens do Paraná a partir da chegada da base.

O local ainda ganhou neste mês passeios em um catamarã com capacidade para transportar 250 pessoas, inclusive à noite.

Já os usuários de crack desapareceram do local. Nenhum cãozinho foi encontrado morto nas redondezas a partir da implantação.

E Mãezinha passou por duas gestações: filhotes foram levados por agentes para virarem mascotes em outras bases da PF na região de Foz do Iguaçu.

Desde então, ela vive feliz no mesmo local em que provavelmente passou seus dias mais tristes.

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Saiba o que acontece com o contrabando apreendido na fronteira com o Paraguai https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/09/27/saiba-o-que-acontece-com-o-contrabando-apreendido-na-fronteira-com-o-paraguai/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/09/27/saiba-o-que-acontece-com-o-contrabando-apreendido-na-fronteira-com-o-paraguai/#respond Tue, 27 Sep 2016 12:00:24 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3115 POR MARCELO TOLEDO, EM CIUDAD DEL ESTE (PARAGUAI)

A produção é industrial. De um lado, dois jovens cuidam de equipamentos importados, que em seguida são colocados por um terceiro operário em uma máquina. Do outro lado dessa “fábrica”, uma máquina embala outros produtos.

Só que, “cuidar”, no caso, é destruir, literalmente. Funcionários terceirizados contratados pela Receita Federal atuam diariamente na destruição de produtos apreendidos pela fiscalização na aduana existente na Ponte da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai, ou em cidades no entorno de Foz do Iguaçu.

E trabalho não falta. Óculos falsificados –alguns inclusive com graus–, relógios, roupas, CDs, DVDs, brinquedos e cigarros, muitos cigarros, fazem parte do dia a dia desses funcionários.

As apreensões feitas pela Receita Federal na região fronteiriça entre 2001 e este ano somam US$ 1,212 bilhão (ou cerca de R$ 4 bilhões). Só o volume de cigarros apreendidos chega a R$ 920 milhões.

Como a Folha publicou nesta segunda-feira (26), os sacoleiros quase desapareceram do cenário de Foz do Iguaçu e da vizinha paraguaia Ciudad del Este, em comparação a décadas atrás. Apesar de afetados por fatores como a alta do dólar nos últimos anos, a crise econômica no país, a concorrência do contrabando profissional, o risco de roubos nas estradas e o acirramento das fiscalizações, eles não foram extintos.

Os produtos apreendidos têm quatro possíveis destinos: doação, incorporação ao patrimônio da União, leilão ou destruição.

A última das possibilidades é utilizada quando os produtos são falsificados e, portanto, não poderiam ser comercializados de forma alguma. É o caso dos óculos, bebidas e, também, de roupas de grife.

“Bebidas falsificadas são destinadas a uma faculdade, que as transforma em álcool gel para ser usado em repartições”, disse a auditora Giovana Longo. Os cigarros também são embalados em fardos, enviados a um local em que são usados em caldeiras.

Já o leilão é realizado envolvendo itens apreendidos como veículos e computadores. Só os automóveis recolhidos nas fiscalizações entre 2001 e este ano por transportarem produtos contrabandeados somam R$ 1 bilhão.

A incorporação é adotada quando os materiais podem ter alguma utilização para órgãos do governo federal, como suprimentos de informática ou materiais de escritório, enquanto as doações são destinadas a entidades, que normalmente fazem os pedidos à Receita.

Segundo a auditora, anualmente são recebidos cerca de 4.000 ofícios de entidades de todo o país solicitando doações. Só são enviados produtos que estejam em conformidade com a legislação brasileira (brinquedos, por exemplo). Neste ano, o volume é menor, devido a restrições impostas pela lei eleitoral.

Diariamente, os funcionários que atuam no setor e, também, nas apreensões feitas em veículos levados à delegacia da Receita em Foz do Iguaçu são revistados ao deixar o trabalho.

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