Brasil https://brasil.blogfolha.uol.com.br Histórias e personagens pelo país afora Thu, 28 Oct 2021 12:12:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Hospital da Bahia traz irmãos para visitar recém-nascidos na UTI https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/06/01/hospital-da-bahia-traz-irmaos-para-visitar-recem-nascidos-na-uti/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/06/01/hospital-da-bahia-traz-irmaos-para-visitar-recem-nascidos-na-uti/#respond Fri, 01 Jun 2018 12:00:34 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/isaac10-320x213.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3625 Mário Bittencourt
VITÓRIA DA CONQUISTA (BA) – Já havia mais de duas semanas que Otávio Augusto, 10, morador de Ilhéus, litoral sul da Bahia, estava ansioso para ver a irmã Elise Nathaly, nascida 19 de fevereiro no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, cidade vizinha, separadas por 31 km.

O garoto, todos os dias, pedia para a mãe que o levasse até a unidade hospitalar onde a irmã foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, dois dias após nascida por complicações respiratórias –a bebê nasceu com oito meses de gestação.

A visita ocorreu em março, graças um projeto do próprio hospital que desde outubro de 2015 traz irmãos para visitar recém-nascidos que estão na UTI neonatal, e que às vezes demoram meses para sair.

Foi um dia inesquecível para o pequeno Otávio. “Amei a visita, estava querendo muito ver minha irmã”, disse ele, em conversa com a Folha por telefone. “Eu a beijei, abracei, acariciei e fiquei muito feliz”.

Otávio Augusto, 10, com a irmã Elisi Nátaly, durante visita no hospital Manoel Novaes, em Itabuna (BA). Crédito: Arquivo pessoal/ Divulgação

O sentimento do filho foi semelhante ao da mãe. “Foi algo que trouxe mais felicidade e tranquilidade para o irmão, de ver a irmã, pegar no colo, ver que ela era perfeita”, disse a empresária Flaviane Souza de Jesus, 32.

No Hospital Manoel Novaes, o primeiro contato entre irmãos ocorrer na UTI neonatal é algo que vem surpreendendo ainda muitas famílias, muitas das quais ficam sabendo que o projeto existe apenas quando estão com um bebê internado no setor hospitalar.

“Muitas mães nos procuram para perguntar sobre como é a visita de crianças, se ela pode ocorrer, e aí falamos sobre o projeto, que dá todo o acompanhamento necessário”, afirmou a psicóloga Tatiane Rodrigues, idealizadora do projeto.

Na UTI neonatal, onde há 32 leitos, as visitas têm duração de 15 minutos e geralmente ocorre uma por vez, sempre de forma agendada. Mas já teve casos de serem duas visitas por dia. As crianças sempre são acompanhadas pela psicóloga nas visitas.

A atendente de telemarketing Izadora Savana Amaral Lopes, 23, mãe de Isis Valentina, de quase dois meses, e de Isaac, 7, que também passou pela experiência, conta que a visita proporcionou mais amor e união entre a família.

“Ele [Isaac] queria ver a irmã, que ela fosse logo para casa, e ficou feliz demais quando a viu. Uma felicidade que contagiou a todos. Após a visita, outras mães queriam saber mais sobre o projeto, como faziam para levar os filhos também”, conta Izadora.

Isaac Nilton e a irmã recém-nascida Isis Valentina durante visita no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna (BA). Credito Crédito: Arquivo Pessoal / Divulgação00

Izis estava na UTI neonatal também por conta de problemas respiratórios, cinco horas após ter nascido, e precisou ficar 21 dias internada. O encontro dela com o irmão ocorreu pouco antes dela deixar a unidade hospitalar, sem precisar mais retornar.

Doutora em Psicologia do Desenvolvimento, a professora Patrícia Alvarenga, que leciona no curso de Psicologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) afirmou que o projeto é importante porque ajuda a criança mais velha a diminuir a sensação natural de exclusão quando nasce um novo membro na família.

“Ocorrendo a visita, o irmão mais velho vai sentir que ele está inserido no contexto de um novo membro na família, vai ver que os pais se importaram com o desejo dele de ver o irmão mais novo, fazendo circular uma maior afetividade entre todos.”

 
 
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Mito do lobisomem impulsiona candidatura a prefeito no interior da Bahia https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/09/30/mito-do-lobisomem-impulsiona-candidatura-a-prefeito-no-interior-da-bahia/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/09/30/mito-do-lobisomem-impulsiona-candidatura-a-prefeito-no-interior-da-bahia/#respond Fri, 30 Sep 2016 12:00:29 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3121 ANDRÉ UZÊDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MUNDO NOVO (BA)

Localizado no centro norte da Bahia, à primeira vista, o município de Mundo Novo (a 290 km da capital, Salvador) parece apenas mais um entre os mais de 5.500 no país que elegerá seu representante neste domingo (2).

A diferença está em uma figura folclórica que, indiretamente, pode pesar na decisão que será apontada pelas urnas. Em março deste ano, numa das noites de lua cheia, um blog local registrou a imagem de um suposto lobisomem que estaria caminhando à noite pelas ruas da cidade.

Na postagem, embora pouco nítida, é possível perceber um ser estranho, de cócoras, com os braços bem maiores que as pernas, orelhas pontudas e uma corcunda saliente.

“Recebi essa foto em grupos de whatsapp com as pessoas dizendo que viram um homem uivando e parecendo um cachorro no meio do mato”, conta Agmar Rios, dono do blog que reverberou a história.

Excêntrica, a notícia rapidamente ganhou força e foi republicada em vários sites baianos. A TV Bahia, afiliada da Rede Globo no estado, também se interessou pelo assunto e dedicou parte de seu telejornal matinal para tratar da história.

Imagem do suposto lobisomem publicada por um blog local - Crédito: Reprodução Internet
Imagem do suposto lobisomem publicada por um blog local – Crédito: Reprodução Internet

Até então delegado de polícia de Mundo Novo, José Adriano da Silva, 43, gravou um vídeo de 42 segundos tranquilizando a população —reproduzido no noticiário da TV. “Tudo não passa de rumores (…) Acalmamos a população afirmando que esta criatura não existe”, disse, em um trecho da gravação.

Seis meses antes, Silva havia se filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) e disputava com outros seis candidatos de oposição a chance de disputar as eleições.

Após aparecer na televisão seu nome ganhou força e, por despontar como favorito em pesquisas internas, recebeu a indicação para concorrer numa chapa que une desde o Democratas até o PCdoB.

No entanto, o ex-delegado tenta minimizar o fato. “Não sei se tanta gente assistiu aquele vídeo assim. Nossa indicação é muito mais fruto do nosso trabalho à frente da polícia”.

Delegado José Adriano alavancou candidatura com a história do lobisomem - Crédito: André Uzêda
Delegado José Adriano alavancou candidatura com a história do lobisomem – Crédito: André Uzêda

Silva tem como adversário uma dupla formado por duas mulheres, ambas do PSD (Partido Social Democrático). A veterinária Ana Lucia, 53, é candidata a prefeita e tem como vice Izabel Conceição, 37. Elas são apoiadas pelo atual prefeito Luzinar Medeiros (PSD).

Mundo Novo possui pouco mais de 24 mil habitantes e um colégio eleitoral de 14 mil eleitores.

Na cidade, a existência do lobisomem pende para o jocoso. “Aqui é uma região de muita pecuária e vez ou outra um boi é atacado por uma onça ou uma jiboia. Mas o povo sempre acha que é lobisomem”, diz o fazendeiro Otoniel Ribeiro, 84.

“Isso deve ser uns homens que saem de casa para aprontar e inventam que o lobisomem que invadiu a casa das amantes”, brinca Eduardo Cardoso, 70, dono de um hotel na cidade.

Letreiro de Mundo Novo na parte mais alta da cidade - Crédito: André Uzêda
Letreiro de Mundo Novo na parte mais alta da cidade – Crédito: André Uzêda

O próprio blogueiro revela que, depois de publicar a história, descobriu que a mesma imagem já havia sido usada em notícias sobre supostas aparições do homem-lobo em outras partes do Brasil. “Alguém pegou da internet e disse que era daqui da cidade. É tudo molequeira”, diz Rios.

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Festival Jegada, no interior da Bahia, teme fim da festa com abate de jumentos https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/08/14/festival-jegada-no-interior-da-bahia-teme-fim-da-festa-com-abate-de-jumentos/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2016/08/14/festival-jegada-no-interior-da-bahia-teme-fim-da-festa-com-abate-de-jumentos/#respond Sun, 14 Aug 2016 12:00:03 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3047 MÁRIO BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM VITÓRIA DA CONQUISTA (BA)

Realizada há 21 anos em Miguel Calmon, a 380 km de Salvador, no centro norte da Bahia, a Jegada, evento em que os participantes desfilam em jumentos, está ameaçada de extinção.

Uma das mais tradicionais do Nordeste, que tem o jumento como estrela, a jegada acontece junto com uma cavalgada, animada por forrozeiros. Há distribuição de cerveja para quem compra uma camiseta.

No Nordeste, o maior evento do tipo é a “Jecana Oficial do Brasil”, realizada há 45 anos em Petrolina (PE) e que este ano deu R$ 30.000 em premiações em competições diversas —como corridas, desfiles e “jegue fashion”. O evento é uma gincana com jegues, outra forma local usada para designar os jumentos.

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Participantes da 21ª Jegada, em Miguel Calmon (BA), em maio - Calmon notícias/Divulgação
Participantes da 21ª Jegada, em Miguel Calmon (BA), em maio – Calmon notícias/Divulgação

Na Bahia, organizadores e participantes do festival temem que a festa perca sua principal atração depois da decisão de abate de jumentos tomada pelo governo do Estado, como medida extrema para reduzir a quantidade destes animais abandonados que ficam soltos nas estradas e provocam acidentes.

Em um frigorífico de Miguel Calmon, 300 animais chegaram a ser abatidos, e a meta é de chegar a 2.000. O Ministério Público Estadual, porém, é contra a medida, e, depois de recomendação da Promotoria, o frigorífico suspendeu os abates.

‘ANIMAL SAGRADO’

Organizador da Jegada e participante desde criança, o comerciante André Souza Santos, 43, rebate os argumentos usados pelo Estado para justificar o abate e diz que “é raridade os acidentes com jumentos nas estradas”.

O animal, diz, ainda é muito útil para os trabalhadores rurais na região de Miguel Calmon, onde se estima ter 5.000 jegues.

“Eles estão usando tudo para justificar e matar os bichinhos”, diz ele, para quem acidentes acontecem mais com o bovinos do que com jumentos.

O comerciante André Souza Santos, 43, organizador da Jegada, em Miguel Calmon (BA) - Arquivo Pessoal
O comerciante André Souza Santos, 43, organizador da Jegada, em Miguel Calmon (BA) – Arquivo Pessoal

“O jumento para nós é o animal sagrado do Nordeste. Aí vem um cara da China dizer que tem de matar, lamentável. Infelizmente, no nosso país quem tem dinheiro pode tudo, quem não tem fica calado sendo julgado”, diz Santos, sobre a iniciativa de chineses de comprar os animais para aproveitar a carne e o couro.

O número de animais para a Jegada, segundo os participantes, tem diminuído a cada evento, que ocorre nos meses de maio.

Na edição deste ano, foram distribuídas 1.000 camisas, mas só foi possível encontrar 600 animais na rua. Para Santos, o abate pode até provocar a extinção da raça. “Já pensou se matar mesmo esses 2.000 até o final do ano?”

Dono de três jumentos, o mecânico Adailton Souza Silva, 45, idealizador da Jegada, diz que está preocupado com o abate.

Ele também descarta a ideia de que o animal não é mais valorizado e que está sendo abandonado. “Esses dias mesmo, me ofereceram R$ 1.000 no animal e eu não vendi”, disse ele. “E tem muito jegue bom aí que vale entre R$ 1.200 e R$ 2.000”.

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