Brasil https://brasil.blogfolha.uol.com.br Histórias e personagens pelo país afora Thu, 28 Oct 2021 12:12:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Polo da fé, Trindade terá investimento de R$ 100 mi e busca ‘fixar’ turistas https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/11/28/polo-da-fe-trindade-tera-investimento-de-r-100-mi-e-busca-fixar-turistas/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/11/28/polo-da-fe-trindade-tera-investimento-de-r-100-mi-e-busca-fixar-turistas/#respond Thu, 28 Nov 2019 10:26:28 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/WhatsApp-Image-2019-11-26-at-18.25.57-320x213.jpeg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=4003 Marcelo Toledo

RIBEIRÃO PRETO   Cidade com vocação para o turismo religioso desde antes de sua emancipação, Trindade (GO) ganhou novos hotéis e condomínios e vai receber mais de R$ 100 milhões em investimentos com o objetivo de “fixar” os turistas que se deslocam à basílica do Divino Pai Eterno.

Além de um novo santuário, em construção desde 2012 –obra que deve ficar pronta na próxima década–, Trindade recebeu nos últimos anos dois novos hotéis, quase 2.000 chácaras em seis condomínios e viu um parque aquático com águas aquecidas entrar em operação, num mercado que cresce de olho nas 4 milhões de pessoas que a visitam anualmente.

Do total, cerca de 3 milhões participam da romaria do Divino Pai Eterno, dez dias de festa que incluem o primeiro domingo de julho em todos os anos. Só que essas pessoas, em sua maioria, visitam a cidade apenas rapidamente, e o objetivo de empresários ligados ao turismo e investidores é fazer com que esses turistas passem mais tempo no município.

No novo santuário, a previsão é que até o final do ano que vem os pilares estejam em fase avançada, segundo dados da Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno). Ela terá o que, por enquanto, será o maior sino do mundo –com peso de 55 toneladas, tem 4 m de altura e 4,5 m de diâmetro e foi produzido em Cracóvia (Polônia).

A cidade tem hoje 83 hotéis e pousadas em funcionamento, de acordo com a Agência Municipal de Turismo, e foco, claro, na vocação religiosa. Além do santuário, entre as atrações estão o Portal da Fé, a Igreja Matriz e a Rodovia dos Romeiros.

Foi com esse apelo religioso que surgiram nos últimos quatro anos seis condomínios com cerca de 2.000 chácaras e que levam nomes como Monte Sinai, Canaã, Galiléia e Monte das Oliveiras. Eles são vizinhos do Arca Parque –os nomes não são mera coincidência.

Uma parceria entre duas empresas agora busca expandir o complexo de chácaras com mais de R$ 100 milhões de investimento em três anos, valor que contempla dez novas atrações no parque aquático e um resort com 250 apartamentos.

O resort vai operar no esquema de multipropriedade –o dono do apartamento o utiliza algumas datas no ano, faz troca com outros hotéis do grupo gestor no país ou o deixa no pool para locação.

Gustavo Rezende, CEO do GR Group, um dos parceiros, disse apostar que o dólar nas alturas fará com que os turistas optem pelo turismo interno e, também, invistam com a queda na taxa Selic.

“Tivemos êxito em outros empreendimentos nos piores momentos, em anos péssimos na economia. A aprovação da lei de multipropriedade [em 2018] também incentiva a pessoa a investir. E lazer é algo que as pessoas têm buscado cada vez mais”, disse.

O parque aquático deve receber 100 mil pessoas neste ano, volume pequeno se comparado a Olímpia (SP), por exemplo, em que só um dos parques da cidade recebe 2 milhões de visitantes por ano, mas a meta em Trindade é chegar a 350 mil pessoas em três anos, segundo Rezende.

ORIGENS

Antiga Barro Preto, Trindade tornou-se um centro religioso ainda em meados do século 19, quando Constantino e Ana Rosa Xavier encontraram um medalhão de barro que representava a Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria enquanto roçavam o pasto, ao lado de um córrego.

A partir de então, Constantino e alguns familiares passaram a rezar o terço com o medalhão. Da reza surgiu uma capela coberta com folhas de buriti e, depois, outra.

Já em 1920, quando Trindade foi emancipada politicamente, a devoção ao Pai Eterno atraía multidões, que se deslocavam em romarias a cavalo ou em carros de boi.

“Trindade é uma capital da fé, hoje no Brasil atrás apenas de Aparecida, e precisamos atender esse público. Não é voltado para católico ou evangélico, mas queremos ter esse tema religioso por acreditarmos que assim será diferente. Muita gente faz bate e volta ou vai a Caldas Novas. A ideia é que eles fiquem em Trindade mais alguns dias”, afirmou José Roberto Nunes, CEO da Planalto Invest, a outra empresa que está investindo na cidade.

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Moacir e os aviões, ‘King Kong’ e animais gigantes em posto no interior de SP https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/09/18/moacir-e-os-avioes-king-kong-e-animais-gigantes-em-posto-no-interior-de-sp/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/09/18/moacir-e-os-avioes-king-kong-e-animais-gigantes-em-posto-no-interior-de-sp/#respond Wed, 18 Sep 2019 12:05:33 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/moacir11-320x213.jpg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3976 João Lucas Martins

REGENTE FEIJÓ (SP) “Isso aí é tudo sonho. Minha vida é um sonho”. É assim que o empresário Moacir Adelino Barbosa, 65, explica sua excentricidade ao transformar um posto de combustíveis e restaurante em uma espécie de “point turístico” às margens da rodovia Raposo Tavares, em Regente Feijó, na região oeste do estado de São Paulo.

A ideia começou quando o movimento estava abaixo do esperado, em 2009 . Foi então que decidiu colocar do lado de fora do posto a réplica de uma girafa feita de gesso, confeccionada por um artista do Paraná.

“As pessoas começaram a parar para tirar fotos. Comprei mais réplicas e o ‘trem andou’. Fui investindo cada vez mais”, afirma Barbosa.

Hoje, o local conta com dois aviões de pequeno porte e um helicóptero reais, mas já fora de uso. Também há bois, carroças, cavalos, aves, um hipopótamo e até um grande King Kong, todos eles feitos de gesso e madeira.

Estátuas foram invenção de Moacir Adelino Barbosa, 65, pra atrair clientes

Com a quantidade cada vez maior de clientes o empresário transformou o local em em 2014 o local ganhou forma em um complexo que reúne hotel, padaria, lojas de móveis, de comida, roupas, sapatos, utensílios domésticos e decorações.

Durante sua vida, o empresário já teve altos e baixos, mas diz que nunca perdeu a vontade de empreender. Natural de Gardênia, distrito da cidade vizinha de Rancharia, Barbosa colhia algodão para seu pai, sem recursos para contratar trabalhadores que o ajudassem. “O normal de colher algodão é cerca de seis arrobas no dia. Eu colhia dez pra ajudar meu pai”.

O empresário dentro de uma das aeronaves que adquiriu

Quando mais velho, pegou gosto pela cozinha e surgiu a ideia de ter um negócio. “Eu falava que um dia eu ia montar um restaurante pra entupir o povo de comida, pra ter fartura. E deu certo”.

O último projeto do empresário é recente, a inaugurar em 2020. Ele pretende montar ao todo doze quartos de hotéis em dois boeings, que estão “estacionados” ao lado do posto à beira da rodovia, que são facilmente vistos pelos motoristas que passam pela estrada.

São dois modelos 727-200F, fabricados em 1978 e 1979, respectivamente. As aeronaves, com prefixos PR-RLJ e PR-IOG, eram, segundo Moacir, aviões de carga da empresa Rio Linhas Aéreas. Os aviões estavam parados e inutilizados em Curitiba (PR).

“Eu sempre gostei de avião. E sabe? O pobre não chega perto do avião. Vê só no aeroporto, e de longe”, disse Moacir.

Para Moacir, é o atrativo que chama o público para o comércio, e todo negócio deve ter um. “O Brasil tem que ser diferente. A gente já copiou muito. É difícil, mas eu procuro não copiar”.

Um dos aviões, da década de 70, comprados por Moacir para se transformarem em hotel
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Amapá inicia temporada do marabaixo, a dança dos escravos que virou marca do estado https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/05/08/amapa-inicia-temporada-do-marabaixo-a-danca-dos-escravos-que-virou-marca-do-estado/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/05/08/amapa-inicia-temporada-do-marabaixo-a-danca-dos-escravos-que-virou-marca-do-estado/#respond Wed, 08 May 2019 12:01:36 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/46678750375_5cf96dc9fc_z-320x213.jpg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3876 Fernanda Canofre
MACAPÁ

Todo sábado de aleluia amanhece com fogos de artifício no céu da capital do Amapá e cantos de louvor à Santíssima Trindade, vindos do bairro da Favela. À tarde, ressoam os tambores, seguidos das vozes de cantadeiras que puxam versos dos ladrões –os cantos tradicionais que roubam histórias do cotidiano para colocar em música.

É a abertura do ciclo de marabaixo, mistura de dança, canto e expressão de fé, que começa na Semana Santa e segue até Corpus Christi.

A origem exata da tradição é desconhecida. No Amapá, ela chegou com os negros escravizados trazidos da África no século 18 para trabalhar na construção do Forte de São José de Macapá, em frente ao rio Amazonas.

Dizem que o passo curto e arrastando os pés, típico nas danças das marabaixeiras, lembra a dificuldade dos antepassados para se movimentar dentro dos navios onde eram mantidos acorrentados. E que o canto de lamento e o nome vêm de “mar abaixo” lembrando quem morria na viagem e era jogado ao mar.

“Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se fazia um marabaixo. A herança foi deixada de pai para filho, e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros do Amapá”, conta Danniela Ramos, 40, presidente da Associação Cultural Marabaixo do Laguinho.

O bisavô dela, Julião Ramos, virou uma das figuras mais importantes dessa cultura. Nos anos 1940, quando o Amapá foi transformado em território federal por um decreto de Getúlio Vargas, a população negra que morava na parte central da cidade, em frente ao rio Amazonas, foi removida, dando origem a dois novos bairros: o Laguinho e a Favela.

DIVISÃO

Para o Laguinho, seguiu Julião. Para a Favela, Gertrudes Saturnino. Descendentes dos escravizados, cada um em seu bairro, mesmo divididos, os dois continuaram tocando o ciclo de marabaixo.

Danniela conta que cresceu em meio às caixas de marabaixo (os tambores), ouvindo ladrões e assistindo às rodas que eram montadas no pátio da casa da avó, Biló, filha de Julião. Aos oito anos, ela começou a cantar. Aos 13, criou um grupo para se apresentar na mostra da escola, mesmo enfrentando caras feias e piadas dizendo que a tradição era coisa “de preto”, “de velho”, “de macumbeiro”.

“Eu lembro que o marabaixo saía pelas ruas e as crianças iam à frente do cortejo. Meus primos se escondiam, tinham vergonha, porque quando chegavam na escola todo mundo ficava encarnando. Eu não. Eu sempre fui de ir à frente para carregar a bandeira do santo”, diz ela.

A maior referência viva do marabaixo hoje é Tia Zefa, 103. Josefa Lina da Silva e a família  estavam entre as pessoas que tiveram de escolher entre a Favela e o Laguinho quando Janary Gentil Nunes chegou como interventor do Amapá.

Ela aprendeu a cultura no berço. Em casa, só o pai não gostava da dança. Tia Zefa, quando lembra daquela época, usa sempre versos de ladrões para contar.

“‘Onde tu vai rapaz’, foi quando veio Janary pra cá. Não tinha governador, não tinha água encanada, não tinha luz. A gente tirava água do poço, trabalho era na roça. Ele veio para ser o governador e [o ladrão] diz assim: onde tu vai, rapaz?/por esse mundo sozinho/vou fazer minha morada lá nos campos do Laguinho”, diz ela, que vive no bairro desde então.

Os antepassados de Elisia Congó, 54, foram traficados do Congo para construir a fortaleza que segue às margens do Amazonas na capital. O avô, conhecido como tio Congó, famoso tocador de caixa de marabaixo e compositor de ladrões, também teve que sair de casa quando o Amapá virou território. Ele e a família seguiram então para a Favela.

Depois de uma graça, diz ela, o avô começou os festejos no bairro em homenagem à Santíssima Trindade dos Inocentes. Elisia acredita que se curou de uma catapora graças à fé da família. Hoje, ela é presidente e fundadora da Associação Cultural Raízes da Favela Dica Congó e cantadeira.

“[Sinto] alegria, felicidade [quando canto e danço] por estar representando meus ancestrais que resistiram a tudo e a todos e não deixaram essa cultura morrer.”

Na inauguração do novo aeroporto de Macapá, no dia 12 de abril, Elisia entregou ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) uma boneca marabaixeira. Ela e outros grupos fizeram uma apresentação de marabaixo no evento, onde entoaram músicas como “Rosa Branca Açucena”, um dos hinos da tradição.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é judeu, disse à Folha que também costuma dançar o marabaixo. “É nossa tradição e nossas origens.”

Em novembro de 2018, o marabaixo foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil, por votação unânime do Conselho Consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Se juntou ao carimbó do vizinho Pará, à roda de capoeira, ao frevo e à arte Kusiwa, dos povos indígenas Wajãpi, do próprio Amapá.

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Chico Xavier, dinos e zebu impulsionam criação de geoparque em Uberaba (MG) https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/04/03/chico-xavier-dinos-e-zebu-impulsionam-criacao-de-geoparque-em-uberaba-mg/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2019/04/03/chico-xavier-dinos-e-zebu-impulsionam-criacao-de-geoparque-em-uberaba-mg/#respond Wed, 03 Apr 2019 12:00:38 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/Uberatitan-1-320x213.jpeg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3841 Marcelo Toledo

RIBEIRÃO PRETO    Lançado há dois anos em Uberaba (MG), um projeto que envolve paleontologia, religião e economia pretende impulsionar o turismo e dar à cidade mineira o título de geoparque.

Ancorado na religiosidade envolvendo o médium Chico Xavier, nos fósseis de dinossauros já encontrados no município e na forte pecuária graças ao gado zebu, a cidade já implantou três sítios ou geossítios dos cinco inicialmente previstos com o objetivo de convencer a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no futuro de que Uberaba atende os pré-requisitos para ter o título.

Um geoparque é uma localidade grande o suficiente para desenvolver a economia e a sociedade e deve, além de sítios geológicos relevantes, possuir história ou tradição cultural. O país tem só um reconhecido, no Ceará.

O objetivo do projeto é potencializar a vocação turística da cidade sob os alicerces da paleontologia, do gado zebu (de origem indiana, recomendado para a produção de carne e leite nos trópicos) e da religiosidade, principalmente por meio do médium Chico Xavier (1910-2002), maior ícone do espiritismo no país e que viveu e desenvolveu obras de caridade no município.

O projeto envolve, entre outras instituições, a UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e a Prefeitura de Uberaba.

O primeiro dos locais inaugurados foi a praça do primeiro sítio integrante do projeto, o ABCZ, composto pelo Museu do Zebu, um museu a céu aberto no parque Fernando Costa e a sede da associação, que neste ano completa 100 anos.

Também já foram inaugurados o geossítio Peirópolis, distrito de Uberaba que abriga jazidas de fósseis de dinossauros e onde funciona um museu, e o sítio memorial Chico Xavier. O museu abriga acervo de fósseis de dinossauros e outros vertebrados, além de painéis sobre a evolução da vida. Ele funciona na antiga estação ferroviária de Peirópolis, de 1889.

“Quando surgiu a ideia, a partir da minha tese de doutorado, em 2014, elenquei 12 localidades para compor um roteiro turístico. Falamos em cinco no projeto, porém há potencial para muito mais. Mas a quantidade não preocupa, e sim sensibilizar o sentimento de pertencimento na população, de que as pessoas são parte disso”, disse um dos coordenadores do projeto, o geólogo da UFTM Luiz Carlos Borges Ribeiro.

O geossítio Peirópolis, que abriga museu em Uberaba (Luiz Carlos B. Ribeiro – UFTM)

O projeto separa geossítios de sítios. O primeiro é constituído de locais que se configuram patrimônio geológico explícito, como os fósseis de dinossauros, enquanto o segundo tem um significado mais amplo –como a casa de Chico Xavier, por exemplo.

Segundo a prefeitura, o geoparque dará muitos resultados futuros ao município com a indústria do turismo.

Há cerca de 140 geoparques mundiais da Unesco em 38 países. Não há prazo para a conclusão do projeto a ser enviado por Uberaba.

ÚNICO

Hoje, o Brasil tem apenas um geoparque “oficial”, o Geopark Araripe, no sul do Ceará, reconhecido pela Unesco em 2006.

Mas há ao menos outras duas dezenas de locais que têm potencial e podem no futuro ser contemplados com o título, segundo estudo elaborado pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Uberaba é um deles.

“Nenhuma outra localidade do Brasil tem essa junção de coisas, com patrimônio geológico, religioso e econômico. Mas não tem só Chico, zebu e dinossauros. Uberaba é muito forte em bens culturais e materiais, com suas folias de reis e congada, por exemplo”, disse Ribeiro.

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Roraima tem recorde de nascimentos de bebês de mães venezuelanas em 2018 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/10/18/roraima-tem-recorde-de-nascimentos-de-bebes-de-maes-venezuelanas-em-2018/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/10/18/roraima-tem-recorde-de-nascimentos-de-bebes-de-maes-venezuelanas-em-2018/#respond Thu, 18 Oct 2018 13:19:43 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/1-320x213.jpg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3729 Marcelo Toledo

BOA VISTA   A forte presença de venezuelanos em Roraima devido à migração em massa dos últimos anos fez serviços de saúde baterem recorde de atendimentos neste ano. Em apenas um semestre, já nasceram mais bebês de mães do país vizinho do que em 2017 inteiro, situação que se reflete também no principal hospital do estado.

Apesar de o governo do ditador Nicolás Maduro ter lançado um programa de repatriação e de o Brasil promover a interiorização de venezuelanos, Roraima, porta de entrada dos migrantes, concentra não só a presença dos estrangeiros, mas também as consequências.

A imagem que se vê nos principais cruzamentos da capital, Boa Vista, de até 15 venezuelanos ávidos por limpar os vidros dos veículos parados nos semáforos, se reflete na saúde e em outros serviços públicos.

Na maternidade estadual Nossa Senhora de Nazaré, de janeiro a junho 571 mulheres venezuelanas tiveram seus filhos no local, ante as 566 registradas em todo o ano passado.

Já no pronto-atendimento do HGR (Hospital Geral de Roraima), os atendimentos aos estrangeiros crescem a cada ano. O total passou de 628, em 2015, para 2.034 no ano seguinte e 6.383, em 2017. Neste ano, até julho, o total alcançou 9.699.

As internações seguem o mesmo ritmo: 684 neste ano, ante 579 em 2017, 244, em 2016, e 114, em 2015.

O tema, previsível, foi um dos que dominaram o primeiro turno da campanha eleitoral e, na avaliação de membros do governo de Suely Campos (PP), foi um dos motivos da não ida da governadora ao segundo turno –assim como a crise financeira no estado e a falta se solução para a interligação de Roraima ao sistema energético nacional.

A disputa para assumir o estado a partir de janeiro está entre Antonio Denarium (PSL) e José de Anchieta (PSDB).

“Vivemos dificuldade financeira, temos dificuldade sim, como o aumento da população de mais de 10% devido à migração venezuelana, sem termos aporte do governo federal”, afirmou a governadora.

Na educação, há 1.649 venezuelanos matriculados nas escolas estaduais. O cenário se repete na rede municipal.

DISPUTA

Roraima cobra R$ 184 milhões do governo federal pelos gastos que afirma ter registrado desde o início da migração, mas nada indica que haverá sucesso no pedido. O estado foi ao STF (Supremo Tribunal Federal). A fronteira chegou a ser fechada para tentar frear a entrada de venezuelanos, mas foi reaberta 15 horas depois.

Em agosto, o senador Romero Jucá (MDB-RR) disse ter deixado a liderança do governo por discordar do posicionamento da União sobre a questão dos venezuelanos.

Boa Vista tem hoje 10 abrigos instalados para acolhimento dos venezuelanos e deve criar mais unidades. Já em Pacaraima, cidade fronteiriça com a Venezuela, há 1 abrigo indígena e 1 abrigo temporário.

Eles comportam cerca de 5.000 pessoas, sendo 4.600 na capital e 400 na fronteira.

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Lira italiana ressurge como moeda em festival gastronômico no interior de SP https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/09/14/lira-italiana-ressurge-como-moeda-em-festival-gastronomico-no-interior-de-sp/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/09/14/lira-italiana-ressurge-como-moeda-em-festival-gastronomico-no-interior-de-sp/#respond Fri, 14 Sep 2018 11:20:08 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/Liras-italianas-320x213.jpg https://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3685 Marcelo Toledo
RIBEIRÃO PRETO

A lira não é utilizada como moeda na Itália desde a adoção do euro, em 2002, mas numa cidade do interior de São Paulo ela será a moeda “oficial” até este domingo (16).

Criado com o objetivo de obter recursos para a manutenção de entidades e trabalhos assistenciais desenvolvidos em Batatais (a 354 km de São Paulo), o Festival Gastronômico e Cultural di San Gennaro, que está em sua 27ª edição, não aceita pagamento em reais em nenhuma de suas barracas.

A festa, realizada na praça do Santuário Bom Jesus da Cana Verde, no centro da cidade, e considerada a maior em cidades do interior do país, desde sempre utilizou cédulas fictícias de liras.

Com isso, os cerca de 60 mil visitantes de cada edição fazem o “câmbio” nos guichês instalados na praça para comprar algum dos pratos e bebidas oferecidos no evento. Cada real equivale a uma lira e há cédulas de até 20 liras.

“Quando surgiu a ideia da festa, no início dos anos 90, já foi proposta a lira como um diferencial do evento, que foi bem recebida por todos e a tradição foi mantida até hoje”, disse José Eduardo Merlino Matassa, atual presidente do festival gastronômico.

Seis entidades –Rotary, Lions, lojas maçônicas Amor e União e Cavaleiros de Aço, Apae e Lar São Vicente de Paulo (idosos)– oferecem pratos como fogazza, macarrão, nhoque, lasanha, filé à parmegiana, berinjela recheada, pizza e frango com polenta, além de doces italianos, vinho e outras bebidas.

Segundo Matassa, a concepção da festa começou a partir de um grupo de amigos que atuavam nas mais variadas entidades e tinham como objetivo buscar uma forma de obter mais recursos para elas.

As cédulas deste ano prestam homenagens em seus versos a icônicos filmes italianos, como La Dolce Vita, de Federico Fellini.

Neste ano, a organização recebeu a proposta de implantação de um sistema de cartões pré-pagos, que foi rechaçada. “Tirar as liras poderia até fazer o custo cair, mas é uma tradição, não dá para cortar.”

Os recursos obtidos são usados nos atendimentos prestados pelas entidades, que vão de abrigo para idosos a uma farmácia solidária.

ATRAÇÕES

Além da gastronomia, o festival terá domingo o Antigomobilismo, exibição de veículos antigos, das 8h às 16h, com entrada gratuita.

Entre esta sexta e domingo, estão previstos dez shows, sendo dois sexta, quatro sábado (15) e outros quatro no domingo. Sábado e domingo a festa abrirá também para almoço.

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Caminho da Fé cria nova certificação a peregrinos e prevê duas novas rotas https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/caminho-da-fe-cria-nova-certificacao-a-peregrinos-e-preve-duas-novas-rotas/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/caminho-da-fe-cria-nova-certificacao-a-peregrinos-e-preve-duas-novas-rotas/#respond Thu, 28 Jun 2018 10:52:20 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/1-320x213.jpeg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3644 POR MARCELO TOLEDO, EM RIBEIRÃO PRETO

O Caminho da Fé, já tradicional rota de peregrinos até Aparecida (SP), oferecerá aos seus participantes mais uma certificação a partir deste sábado (30) e já prevê dois novos ramais de partidas de romeiros para este ano.

A nova certificação receberá o nome de Padre Donizetti, que viveu em Tambaú –principal ponto de partida de peregrinos na rota– e será concedida a quem percorrer o trecho entre Sertãozinho e a cidade, num trajeto de 147 quilômetros. Ao concluir, o peregrino receberá no santuário de Tambaú um certificado de participação no trecho.

Atualmente, só recebem esse certificado os romeiros que percorrerem ao menos cem quilômetros e chegarem até Aparecida, de acordo com a Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Quem sair de Sertãozinho e tiver Aparecida como destino, portanto, receberá dois certificados de peregrinação.

De acordo com Camila Bassi Teixeira, assessora de planejamento da associação, o percurso até Aparecida a partir de Sertãozinho é o mais longo, com 571 quilômetros, e a nova certificação tem como objetivo aproximar os municípios que integram os ramais do Caminho da Fé.

Até o final do ano, devem ser abertos dois novos ramais, ligando Borborema e Franca a Aparecida. Franca é uma das cidades com maior número de peregrinos na rota, especialmente grupos de ciclistas.

Atualmente, há sete ramais em funcionamento no Caminho da Fé, incluindo o pioneiro, que começa em Águas da Prata. Todos iniciam em cidades paulistas, mas cortam em algum momento trechos de municípios mineiros.

EM ALTA

Desde o surgimento do caminho, há 15 anos, 42 mil pessoas peregrinaram até Aparecida, num fluxo de romeiros que tem crescido a cada ano.

Em 2016, foram 6.000, número que chegou a 8.000 no ano passado. Para este ano, a meta é atingir 10 mil peregrinos, segundo a assessora de planejamento.

“Acreditamos que o caminho é uma ferramenta de saúde pública, transforma a pessoa num ser humano melhor durante o trajeto. Além da questão religiosa, claro, já que a fé fica muito forte”, disse.

A rota que corta municípios paulistas e mineiros foi inspirada no caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

Tem mais de 950 quilômetros de extensão, contabilizando seus ramais, e passa por aproximadamente 40 cidades dos dois estados até chegar a Aparecida.

A duração da rota depende do ritmo de cada peregrino –em média, de 15 a 20 dias a pé, ou de 6 a 10, de bicicleta.

O caminho é percorrido em parte pela Serra da Mantiqueira, por meio de estradas de terra que cortam a área rural dos municípios.

Nesses locais, moradores de sítios e fazendas acolhem e incentivam os peregrinos e, a partir de algumas propriedades rurais, surgiram pousadas que hoje hospedam os viajantes.

O roteiro contempla dezenas de capelas, algumas com importância histórica e arquitetônica, como a capela de São Benedito, em Cravinhos (a 292 km de São Paulo), e igrejas em Ouro Fino e Borda da Mata, ambas no trecho mineiro do percurso.

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A fábrica centenária de foices no interior do Paraná https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/04/24/a-fabrica-centenaria-de-foice-no-interior-do-parana/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2018/04/24/a-fabrica-centenaria-de-foice-no-interior-do-parana/#respond Tue, 24 Apr 2018 12:00:37 +0000 https://brasil.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/foice-320x213.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3599 SEBASTIÃO NATALIO

PONTA GROSSA Há 112 anos, a fábrica de foices Pedro Werner resiste ao tempo e às novas tecnologias, mas teme ter que fechar as portas em Ponta Grossa, no interior do Paraná.

Administrada pela quinta geração da família Werner, a indústria mantém os mesmos processos de produção de desde o princípio, além de nunca ter mudado de local.

Algumas máquinas, como os marteletes, usados para dar forma às foices, e os fornos, que esquentam o ferro antes dele ser torneado, vieram da Alemanha, nas décadas de 30 e 40, e ainda estão em pleno funcionamento.

Segundo os proprietários, para fabricar as foices é utilizado aço considerado de boa qualidade, que passa por 16 processos, os mesmos desde o início da empresa, em 1906. Os ferreiros são especialistas nessa arte, e alguns estão na empresa há mais de 30 anos.

Acir queima o aço no forno pra dar forma à foice com o martelo – Fotos Sebastião Natalio/Folhapress

Pela manhã, eles moldam o aço usando os fornos que deixam os ferros em brasa e os marteletes, ainda acionados com os pés.

No período da tarde, são feitas as correções e a afiação, um processo importante para finalizar o produto. Entre os ferreiros mais experientes está o aposentado, Acir Batista Galdino, 62, na fábrica há 43 anos. “Eu aprendi tudo aqui, me aposentei e pedi pra continuar. Foi com meu trabalho aqui que criei meus filhos”, diz.

Por dia são feitas entre 60 a 70 foices de quatro modelos diferentes. O maior mercado consumidor é o interior paulista, onde as foices são utilizadas nas lavouras de cana-de-açúcar e em fazendas de pinus, seguido da região norte do Paraná, e de Mato Grosso do Sul e Pará.

Nas mãos do ferreiro, a foice é moldada ainda em brasa, no martelete trazido da Alemanha

EQUIPE MENOR

Entre as décadas de 40 e 60 chegou-se a produzir oito mil peças por mês, com um grupo de até 30 funcionários, hoje são apenas cinco. “Nós consideramos que este seja um dos entraves para o futuro da empresa, a falta de profissionais especializados”, diz Alfredo Werner Neto –formado em Direito, por insistência do pai, Waldemar Werner, mas que preferiu continuar dirigindo a empresa em parceria com a mãe, Lúcia Werner, que é quem toma as decisões. É ele o responsável pelos contatos comerciais.

“É difícil uma empresa passar de cem anos hoje em dia e manter o mesmo padrão de produção. Com tanta tecnologia disponível, é uma vitória, podemos dizer assim”, diz Lúcia.

De acordo com os proprietários, a empresa poderia adotar novas tecnologias para a produção, mas o objetivo é manter o artesanal, que é o que faz diferença no mercado. “Em termos de qualidade, por serem feitas à mão, elas se sobressaem sobre as concorrentes”, diz Alfredo.

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‘Barco fantasma’, capacetes e índios aliciados: as táticas do contrabando para entrar no Brasil https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/27/barco-fantasma-capacetes-e-indios-aliciados-as-taticas-do-contrabando-para-entrar-no-brasil/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/27/barco-fantasma-capacetes-e-indios-aliciados-as-taticas-do-contrabando-para-entrar-no-brasil/#respond Wed, 27 Dec 2017 09:15:38 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3523 POR MARCELO TOLEDO, EM RIBEIRÃO PRETO

De um lado, um “barco fantasma” de uma quadrilha paraguaia navegava tranquilamente nas águas do lago de Itaipu quando foi surpreendido por agentes da PF (Polícia Federal). Um outro grupo de contrabandistas, dias antes, tentou romper o mesmo lago utilizando capacetes na potente lancha –novo escudo para se proteger de eventuais tiros disparados por policiais brasileiros.

Já uma terceira quadrilha conseguiu passar para o lado brasileiro graças à construção de um porto clandestino em Salto del Guairá, cidade do Paraguai que fica na fronteira com Guaíra, no Brasil.

As táticas utilizadas por contrabandistas para driblar a fiscalização na fronteira entre os dois países inclui, ainda, aliciamento de índios, armazenamento de produtos de origem ilegal em aldeias e a colocação de até três motores nas lanchas para ganhar velocidade nas águas.

Folha acompanhou fiscalização da PF na fronteira, flagrou a construção de um porto clandestino e, nos dois últimos meses, monitorou a ação de contrabandistas na fronteira a partir de ações da Marinha e da PF.

“É uma briga de gato e rato. Temos de ficar em cima, pois são muito rápidos para abrir locais para escoamento de contrabando”, afirmou o agente da PF Pablo Morales, que atua no Nepom (núcleo Especial de Polícia Marítima) de Guaíra.

Um dos problemas é que os agentes da PF que trabalham na fronteira são monitorados 24 horas por dia por espiões das mais de dez quadrilhas que atuam na região, como a Folha revelou.

Na madrugada de 23 de novembro, os agentes fizeram uma apreensão de cigarros estimada em R$ 400 mil -incluindo a embarcação-, mas quando chegaram ao local, em pleno lago de Itaipu, encontraram apenas um “barco fantasma”, sem nenhum contrabandista.

Os membros da organização criminosa, quando perceberam a fiscalização ainda distante, abandonaram o barco e fugiram na água.

Duas semanas depois, em 6 de dezembro, uma lancha de 5,5 m de comprimento, carregada com 50 caixas de cigarro e munições de armas calibre 12, foi apreendida após perseguição no rio Paraná, também na madrugada.

Militares da Marinha e agentes do Nepom perceberam a lancha em alta velocidade e iniciaram a busca. Quando a quadrilha percebeu que a fiscalização se aproximava, atirou caixas de cigarros na água, para dificultar a navegação.

Sem resultado, os contrabandistas se jogaram nas águas e abandonaram a lancha que, ainda em alta velocidade, bateu numa ilha existente no rio Paraná. Ela transportava 25 mil maços de cigarros paraguaios, num montante estimado em R$ 180 mil.

Já no dia 13, também homens da PF e da Marinha se envolveram numa operação que terminou com o abandono do potente barco pela quadrilha numa outra ilha. Na última quinta, mais três barcos foram apreendidos na região.

Os cigarros são o principal produto que as quadrilhas tentam infiltrar no mercado brasileiro, segundo Luciano Barros, presidente do Idesf (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteira).

“Ele gera um lucro enorme, tanto que 48% do mercado nacional é dominado por marcas ilegais, de origem paraguaia.”

O contrabando de cigarros é apontado ainda como forma de financiamento de atividades até mesmo de grupos terroristas, como o Hezbollah, conforme relatório do Foundation for the Defense of Democracies, instituto de políticas dos EUA.

COLEÇÃO

Na sede do Nepom em Guaíra, há mais de uma dezena de capacetes apreendidos com contrabandistas expostos numa cerca na região em que ficam guardados os barcos utilizados na fiscalização.

As embarcações apreendidas também ficam armazenadas no local, à espera de uma decisão judicial que definirá o destino dos barcos.
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Amantes de trens miram locomotiva histórica para restauro no interior de SP https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/04/amantes-de-trens-miram-locomotiva-historica-para-restauro-no-interior-de-sp/ https://brasil.blogfolha.uol.com.br/2017/12/04/amantes-de-trens-miram-locomotiva-historica-para-restauro-no-interior-de-sp/#respond Mon, 04 Dec 2017 09:05:18 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://brasil.blogfolha.uol.com.br/?p=3504 POR MARCELO TOLEDO, EM CAMPINAS

Depois de colocar uma cinquentenária locomotiva a diesel de volta aos trilhos no interior de São Paulo, uma associação de preservação ferroviária projeta a restauração de mais trens e vagões no próximo ano e cobiça uma máquina histórica para “completar a coleção”.

De acordo com a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), a meta é restaurar duas locomotivas a vapor –marias-fumaça–, uma litorina (sistema automotriz) e um vagão utilizado como restaurante, fabricado em 1951.

“Com esses novos carros à disposição, teremos condições de oferecer mais opções e comodidade aos turistas”, afirmou Helio Gazetta Filho, diretor-administrativo da regional Campinas da ABPF, que opera rota turística entre as estações Anhumas, em Campinas, e Jaguariúna, na cidade homônima.

Mas, apesar de a associação já ter projetos para o ano que vem, há uma locomotiva a diesel utilizada no passado pela CMEF (Companhia Mogiana de Estradas de Ferro) que é desejada pelos amantes das ferrovias.

Das 30 unidades produzidas pela GM dessa série, de 1.200 HP, restam no máximo seis. Uma delas está em operação em uma concessionária.

“Estamos tentando conseguir, mas entre disponibilizar e ela chegar até nós há uma novela, que vai longe por envolver contrato de concessão, entre outros pontos. A gente fica numa agonia, com vontade de resolver, de fazer. Com ela, ficaríamos praticamente com a série inteira da Mogiana”, disse.

Embora tenha mais de 30 vagões e locomotivas aguardando restauro, o trabalho é lento, por causa das dificuldades dos restauradores para encontrar peças e, principalmente, devido à falta de recursos financeiros.

De acordo com Gazetta Filho, as restaurações só são possíveis graças ao fluxo de turistas que visitam a estrada de ferro Campinas-Jaguariúna, às parcerias feitas pela associação e aos sócios, que contribuem com uma anuidade de R$ 210. Os turistas pagam R$ 80 (meio percurso) e R$ 100 (percurso completo) –idosos acima de 60 anos pagam meia, e crianças até cinco anos viajam de graça se sentarem no colo.

O trabalho de restauro das máquinas previstas para 2018 será feito numa oficina mantida pela ABPF na estação ferroviária Carlos Gomes, inaugurada na década de 1920 em Campinas e que transportava passageiros e cargas da Mogiana.

Com a locomotiva que voltou aos trilhos neste mês, são nove as disponíveis para a rota turística no interior paulista, sendo três a diesel e seis marias-fumaça (a vapor). Além delas, há 18 carros de passageiros (vagões).

Locomotiva e vagões à espera de restauro na estação Carlos Gomes – Marcelo Toledo/Folhapress

O trajeto de 24 quilômetros entre Campinas e Jaguariúna é feito, em média, por 100 mil visitantes por ano.

No último mês, imóveis utilizados por ferroviários às margens dos trilhos e que também passaram por restauro foram reinaugurados.

BARÕES DO CAFÉ

A Mogiana foi uma ferrovia que teve como característica principal o recolhimento de café em fazendas dos antigos barões. Seu traçado era sinuoso, justamente com o objetivo de atender aos interesses dos proprietários rurais.

Ela foi responsável pelo desenvolvimento econômico de regiões como as de Campinas, Ribeirão Preto e Franca e pelo surgimento de municípios a partir de estações ferroviárias –um exemplo é Brodowski, terra do artista Candido Portinari.

Além de funcionários contratados para o restauro, a oficina da ABPF funciona com trabalho de voluntários, que cuidam de serviços como pintura, marcenaria e carpintaria.

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